Facebook é empresa que mais recebeu verbas de campanhas nas eleições de 2024
A empresa já havia sido a que mais recebeu verbas no pleito de 2022, segundo dados do sistema de prestação de contas do TSE
O Facebook foi a empresa que mais recebeu verbas eleitorais nos dois últimos pleitos realizados no Brasil, é o que apontam dados do Divulgacand, sistema de prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O valor destinado à empresa passou de pouco mais de R$ 1.700, em 2014, para quase R$ 200 milhões na corrida municipal do ano passado.
Segundo matéria do InfoMoney, a rede social de Mark Zuckerberg foi a principal fornecedora contratada pelas campanhas durante as eleições de 2022 e 2024, e já figurava na segunda posição nos pleitos de 2018 e 2020. Por “fornecedores” entende-se tudo aquilo que um candidato compra ou contrata ao longo da disputa eleitoral – desde gastos com gráficas e marqueteiros até o fretamento de aeronaves.
No caso do Facebook, o gasto dos candidatos se deu principalmente com o impulsionamento de conteúdo na própria plataforma e no Instagram, ambas redes sociais que integram a Meta, gigante americana da tecnologia, que é dona também do WhatsApp.
A primeira vez em que o Facebook atuou como fornecedor em uma eleição geral, segundo o Divulgacand, foi em 2014. Na época, um candidato a deputado federal de Santa Catarina registrou R$ 980 em transferência eletrônica para a empresa, o que hoje equivale a cerca de R$ 1.700, corrigidos pela inflação no período. O candidato não especificou qual foi o serviço contratado.
Já em 2016, o número de candidatos destinando verbas para a rede social subiu para quatro: três a vereador e um a prefeito. Somaram R$ 1 mil em gastos com “criação e inclusão de páginas”. Corrigido pela inflação, essa despesa foi de R$ 1.800.
A grande mudança de paradigma, porém, ocorreu nas eleições de 2018, quando o Facebook recebeu R$ 23,2 milhões das campanhas brasileiras, em valores nominais. Minas Gerais foi destaque nesse tipo de gasto, com dois candidatos a governador sendo os que mais investiram na plataforma. Antonio Anastasia (PSDB), que buscava a reeleição, gastou R$ 878 mil, seguido por Romeu Zema (Novo), com R$ 476,3 mil.
Desde então, os valores destinados ao Facebook não pararam de crescer, atingindo quase R$ 200 milhões no ano passado. A discrepância de investimento é tao significativa que, o segundo maior fornecedor na campanha de 2024, uma empresa de pagamentos, recebeu apenas R$ 76,4 milhões dos candidatos e partidos.
A quantia, entretanto, representa apenas 3% dos gastos totais que as campanhas tiveram em 2024. De acordo com o TSE, foram R$ 6,6 bilhões investidos. Na última disputa, o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, foi quem mais gastou com Facebook e Instagram, destinando R$ 8,8 milhões às redes sociais.
Em seguida vem Evandro Leitão (PT), que se elegeu prefeito de Fortaleza, e seu concorrente derrotado, o ex-prefeito José Sarto (PDT). Eles despejaram R$ 5,8 milhões e R$ 4,9 milhões nas plataformas, respectivamente. Procuradas pelo jornal Estadão, as assessorias de Boulos e Leitão não responderam até a publicação deste texto. Sarto não foi localizado.
Felipe Soutello, estrategista político com quase 30 anos de experiência em campanhas eleitorais, lembrou que a Meta foi a única grande rede social a assinar as regras do TSE e aceitar recursos do fundo eleitoral na eleição de 2024. Outras empresas, como a Alphabet (dona do Google e YouTube), ou já impunham restrições a conteúdo político-eleitoral ou proibiram anúncios políticos no ano passado.
Para Soutello, é contraditório que a legislação brasileira permita a concentração de recursos desse tipo em um único fornecedor e, ao mesmo tempo, proíba as campanhas de utilizar outras formas de mídia.
“É complexo quando, em uma eleição, você tem apenas uma multinacional de comunicação controlando esse volume de recursos. O Brasil não tem empresas que possam contribuir como fornecedoras? Acho que tem”, disse Soutello, que questiona as restrições a outras mídias na legislação eleitoral.
Monopólio
Outros especialistas ouvidos pelo Estadão criticam o que definem como um “monópolio” do Facebook e falam em “desigualdade” no tratamento da legislação eleitoral entre as redes sociais e as empresas de comunicação, apontando ainda os riscos de interferências no processo eleitoral. Procurado, o Facebook não quis comentar.
A relação entre a rede social e o governo brasileiro, porém, se tornou menos cordial nas últimas semanas. Quando o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou o fim do programa de checagem de informações nos Estados Unidos, medida que não tem data para ser implementada no País. A empresa decidiu afrouxar as restrições sobre conteúdos preconceituosos e retomar os algoritmos que recomendam publicações políticas.
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