Federações e fusões reduzem número de partidos e mudam cenário político, aponta analista
Número de siglas em atuação no Brasil caiu de 35, em 2015, para 24 em 2025, uma redução de mais de 30%

O número de partidos políticos em atuação no Brasil caiu de 35, em 2015, para 24 em 2025, uma redução de mais de 30% provocada por um movimento de fusões e federações entre legendas. As recentes alianças entre União Brasil e PP, e a fusão entre PSDB e Podemos, refletem esse novo cenário e devem impactar diretamente a política nacional, segundo o analista político e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Carlos Zacarias.
A redução será ainda mais expressiva no Congresso Nacional. Em 2019, 30 partidos tinham representação nas duas Casas. Agora, com a consolidação das federações e fusões, o número deve cair para 16.
Segundo especialistas, esse enxugamento da chamada “sopa de letrinhas” partidária é fruto de uma série de mudanças legislativas aprovadas entre 2015 e 2021. A primeira ocorreu em 2015, com uma minirreforma eleitoral que dificultou a criação de novas siglas ao exigir que partidos em formação comprovassem apoio de, no mínimo, 500 mil eleitores em dois anos — sem contar com eleitores já filiados a outros partidos.
Mas a mudança mais decisiva foi a Emenda Constitucional 97, aprovada em 2017, que proibiu coligações nas eleições proporcionais, tornando mais difícil a eleição de candidatos por partidos pequenos e obrigando legendas a buscarem novas formas de sobrevivência política.
Já em 2021, o Congresso aprovou a criação das federações partidárias. Diferente das coligações eleitorais, essas alianças obrigam os partidos a atuarem juntos por pelo menos quatro anos, com candidatura unificada em todo o país. Na prática, partidos federados funcionam como uma única sigla.
Para o professor Carlos Zacarias, é essencial entender a diferença entre federação e fusão. “As federações têm um princípio de fortalecer os partidos com alianças mais duradouras do que as coligações eleitorais, que se desfazem após as eleições”, explica. “Já a fusão é quando os partidos se tornam um só, geralmente por conveniência, buscando maior relevância política”, completa.
O analista avalia que o objetivo central das federações é fortalecer financeiramente as siglas e garantir acesso aos fundos partidário e eleitoral. “Esses partidos se fortalecem elegendo grandes bancadas, recebem mais recursos e garantem sua sobrevivência por mais tempo, inclusive com a possibilidade de remunerar suas lideranças”, afirma Zacarias ao bahia.ba.
A fusão é uma tática utilizada, principalmente, pelos chamados “partidos nanicos”, para evitar a sua extinção. Um exemplo claro é a fusão entre PSDB e Podemos, que, segundo o analista, serve como estratégia de sobrevivência diante da perda de relevância das duas legendas nos últimos anos.
Consequências no curto e longo prazo
Na avaliação de Zacarias, a tendência é que partidos com maior representação continuem formando federações, aumentando a concentração de recursos e votos. “A curto prazo, isso pode impactar diretamente eleições importantes, como para prefeituras e até para a presidência da República”, ressalta.
Já sobre os efeitos a longo prazo, o cientista político é cauteloso. “A política é muito dinâmica. As tendências mudam rapidamente. Não há como ter uma definição precisa sobre os desdobramentos futuros”, conclui.
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