Publicado em 17/07/2024 às 13h09.

Governo consegue adiar PEC do Banco Central defendida por Campos Neto

PEC estava na pauta de Comissão ao Senado, mas incerteza sobre placar obrigou oposição ceder

Redação
Foto: Marcello Casal JR/Agência Brasil

 

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu adiar a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autonomia financeira do Banco Central (BC), defendida pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto.

De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, a partir da PEC, o Banco Central passaria de autarquia especial para empresa pública de natureza especial, o que daria maior poder sobre o próprio orçamento, como ocorre no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A proposta estava na pauta desta quarta-feira (17) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, mas a votação foi adiada diante da negociação aberta pelo Ministério da Fazenda e da incerteza —dos dois lados— sobre o placar.

Pouco antes da sessão, nesta quarta, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), se reuniu com o relator da PEC, Plínio Valério (PSDB-AM), e o autor, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO).

O relator reclamou de não ter sido procurado pelo governo antes e disse que Wagner apresentou uma série de modificações. Valério também afirmou que não tinha dúvidas de que o debate seria “protelado”.

“As ponderações, reivindicações, são muitas do governo. Algumas pertinentes. Outras nem tanto. Então, eu não posso pegar essas sugestões agora, horas antes da reunião, e acatar ou não acatar”, disse Plínio.

Wagner pediu o adiamento da discussão até o começo de agosto e negou que a intenção do governo seja procrastinar. O senador também afirmou que a reunião com o relator e o autor foi extremamente produtiva.

“Eu acredito que nós podemos evoluir. Acabei de conversar um pouco com o assessor do senador Vanderlan, que é do Banco Central, e eu não vou abrir mão da minha obsessão pela possibilidade de construirmos o maior consenso possível, nem sempre é 100%”, disse.

Governistas afirmam reservadamente que Campos Neto tenta imprimir uma marca de sua gestão com a aprovação da PEC e defendem que a discussão seja feita junto ao futuro presidente do BC, a ser indicado por Lula.

Durante a sessão, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), líder do PSB e um dos vice-líderes do governo no Senado, afirmou que Campos Neto é um “antibrasileiro” e um “ser desprezível”, que age politicamente.

“Uma coisa é você oferecer autonomia a um Banco Central que tenha um presidente que não age politicamente, que não trabalhe contra o Brasil, por odiar o residente Lula —essa é a verdade, não é? É algo pessoal, peçonhento, deste, repito, desprezível”, disse.

O presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e senadores de oposição saíram em defesa de Campos Neto. Alcolumbre disse ter uma “relação pessoal de amizade, de carinho e de reconhecimento” da capacidade com o presidente do BC.

“[Quero] reconhecer o papel relevante que o Roberto Campos tem à frente do Banco Central, se destacando em um ambiente que qualquer presidente de Banco Central, em qualquer governo, é criticado muitas vezes pelo próprio governo”, disse o senador.

Parecer feito pela liderança do governo no Senado afirma que a PEC gera “incerteza quanto ao regime jurídico” ao criar uma empresa pública com funções incompatíveis com a exploração de atividade econômica, como a emissão de moeda e a gestão de reservas internacionais.

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