Publicado em 03/12/2015 às 14h50.

‘Ele perdeu a legitimidade’, diz Wagner sobre Cunha

Segundo o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, o embate político não será com Cunha e tentará mostrar a inconsistência do pedido de impeachment

Redação
Foto: DIDA SAMPAIOESTADÃO CONTEÚDO
Foto: DIDA SAMPAIO/ ESTADÃO CONTEÚDO

Em entrevista coletiva para a imprensa nesta quinta-feira (3), o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, disse que a presidente Dilma Rousseff (PT) não vai partir para um bate-boca com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e vai se ater a mostrar a “realidade dos fatos”. No entanto, deixou claro que a partir de agora se inicia um embate político em que o governo vai reunir suas forças e se direcionar por uma “coordenação política ampliada”, na qual farão parte assessores, líderes da base aliada e ministros.

“A nossa estratégia é desmontar a tese do impeachment sem causa. A nossa briga não é com o Eduardo Cunha. O presidente da Câmara tem uma briga com o Conselho de Ética. Essa é uma questão interna da Câmara e nem eu acho que a presidente possa se ocupar de fazer o debate mano a mano. O que é ótimo agora é que sai-se da coxia e vem-se para o palco e acaba com qualquer tipo de chantagem”, declarou.

Segundo o ministro, a autorização do processo de impeachment pelo deputado federal não abala a relação do governo com o vice-presidente, Michel Temer, tampouco com o PMDB, que já demonstrava estar do lado da mandatária nacional, até mesmo por ocupar cadeiras no Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios. Temer tem conversado com Dilma desde a quarta (2) e se mostrou disposto a ajudá-la.

“O vice-presidente tem uma trajetória longa de ser democrata e tenho convicção de que ele acha, assim como nós, que não tem nenhum lastro para esse processo de impeachment. O fato de ele ser do mesmo partido de Cunha não quer dizer muito. Todo mundo sabe que o PMDB  tinha posição e Eduardo Cunha se colocou na oposição, o que não é próprio de quem senta na cadeira da presidência da Casa. Quem senta não pode ser governo nem bunker da oposição”, opinou.

Depois de Cunha ter dito à imprensa que um de seus principais aliados, o deputado André Moura (PSC), esteve com a presidente Dilma para oferecer três votos do PT no Conselho de Ética em troca da aprovação da CPMF, Wagner rebateu: “Quem mentiu foi o presidente Eduardo Cunha, o André Moura não esteve ontem com a presidente. Esteve comigo, uma única vez”

Cunha chegou a dizer à imprensa na manhã dessa quinta (3), a presidente mentiu para a nação.  “Ela simplesmente estava participando de uma negociação com André e lá a presidente queria que tivesse a aprovação da CPMF. Uma negociação à minha revelia, não sabia da presença do deputado nem do diálogo”, afirmou o deputado.

Saída de Cunha – O ministro da Casa Civil avaliou que o peemedebista não tem mais condições de permanecer no comando do Legislativo. “O próprio presidente do Conselho de Ética (José Carlos Araújo) por diversas vezes já se manifestou dizendo que havia uma tentativa de obstrução do julgamento pelo Conselho por parte do presidente Eduardo Cunha. Então, realmente é complicado, porque ele tem o poder da caneta e de fazer a ordem do dia e realmente pressionou. E é publico isso aí. Ele perdeu a legitimidade para estar sentado na presidência da Casa que o está julgando”.

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