Publicado em 19/04/2025 às 20h00.

Governo federal promete internet em todas as unidades de saúde indígena até 2026

Objetivo é ampliar o acesso a serviços de telessaúde e fortalecer a presença do Estado nas comunidades

Redação
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O governo federal pretende conectar à internet todas as unidades de saúde indígena do país até o final de 2026. A meta é garantir que todos os estabelecimentos públicos de atenção primária à saúde dos povos originários tenham acesso à conectividade de qualidade.

“Nossa meta é alcançar a universalização da conectividade em todas as unidades de saúde indígena até o fim do ano que vem”, afirmou o secretário nacional de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, em entrevista à Agência Brasil, na véspera do Dia dos Povos Indígenas.

Comemorada neste sábado (19), a data destaca a diversidade cultural e a resistência dos quase 1,7 milhão de brasileiros que se identificam como indígenas, pertencentes a uma das 305 etnias reconhecidas pelo IBGE.

Segundo Tapeba, a melhoria na conectividade permitirá a ampliação da estrutura de telessaúde, possibilitando que os povos indígenas tenham acesso a médicos especialistas sem sair de seus territórios. “Isso evitará a necessidade de remoções para fora das aldeias”, explicou.

Dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis), 19 já contam com serviços de consultas à distância, viabilizados pelo Programa Conecta Brasil, do Ministério das Comunicações. A iniciativa já levou conectividade a mais de 700 pontos e tem o potencial de beneficiar cerca de 781 mil indígenas. As consultas remotas ocorrem com cardiologistas, oftalmologistas, dermatologistas e outros especialistas.

Esses distritos funcionam como estruturas descentralizadas do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), organizadas conforme a ocupação territorial das comunidades. Neles, os atendimentos são realizados por meio de Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSIs), polos-base e Casas de Saúde Indígena (Casais).

Tapeba destacou ainda que a conectividade permite o registro eficiente de dados clínicos nos sistemas nacionais e facilita a comunicação entre os profissionais de saúde e seus familiares, algo relevante para quem trabalha em áreas isoladas. “Garantir infraestrutura adequada é essencial para fixar esses profissionais nos territórios”, afirmou.

Segundo ele, o atual governo encontrou a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) com orçamento reduzido, após proposta de corte de 59% durante a transição de governo. Ainda assim, entre 2023 e 2024, foram injetados R$ 1 bilhão adicionais, totalizando cerca de R$ 3 bilhões. “É o maior orçamento da saúde indígena da história”, afirmou.

Apesar do avanço, o secretário reconhece desafios. Cerca de 60% dos territórios indígenas ainda não têm acesso à água potável, e muitas regiões seguem sem cobertura adequada. “Há vazios assistenciais, locais onde o serviço de saúde é a principal presença do Estado”, explicou Tapeba.

Ele ressaltou que seriam necessários R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões para cobrir todo o passivo acumulado, especialmente na região amazônica. “Reduções orçamentárias poderiam inviabilizar o atendimento”, alertou.

Em 2018, o número de atendimentos a indígenas foi de 9,18 milhões. Em 2023, esse número saltou para 17,31 milhões, segundo dados da Sesai. Para continuar essa expansão, a secretaria tem buscado novas formas de gestão, firmando parcerias com universidades, órgãos públicos e instituições por meio de termos de execução direta e acordos de cooperação técnica.

“Estamos reestruturando a secretaria para ampliar a assistência, com o apoio de diferentes setores do governo e da sociedade”, concluiu Tapeba.

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