Publicado em 26/01/2025 às 12h30.

Governo Lula exige explicações dos EUA sobre tratamento a migrantes deportados

Ministério das Relações Exteriores condena o uso de algemas e o "desrespeito aos direitos fundamentais" de 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos

Redação
Foto: Reprodução/ redes sociais

 

O Brasil solicitará esclarecimentos ao governo de Donald Trump sobre o que classificou como “desrespeito aos direitos fundamentais” de 88 migrantes brasileiros irregulares deportados dos Estados Unidos, que foram algemados durante o voo, conforme informou o Ministério das Relações Exteriores.

Este episódio marca o primeiro ponto de tensão entre os governos do novo presidente dos Estados Unidos e do presidente Lula (PT), que, no dia da posse de Trump, em 20 de janeiro, expressou o desejo de manter a “relação histórica” entre Washington e Brasília.

De acordo com o Itamaraty, será feito um “pedido de explicações ao governo norte-americano sobre o tratamento degradante dado aos passageiros no voo” que chegou à Manaus na noite de sexta-feira (24), conforme a chancelaria brasileira postou em sua conta no X.

Uma nota oficial divulgada no sábado confirmou que havia 88 brasileiros a bordo da aeronave.

“Fomos amarrados nos pulsos, na cintura e nas pernas, não havia água, e quando pedíamos para usar o banheiro, não deixavam”, relatou Edgar Da Silva Moura, um técnico de informática de 31 anos, que foi deportado após sete meses detido nos Estados Unidos. “Estava muito quente, pessoas desmaiaram”, acrescentou.

A ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, informou que a aeronave também transportava “crianças com autismo e outras deficiências, que passaram por situações muito graves”. “Desrespeito aos direitos fundamentais”

O Ministério da Justiça ordenou a “retirada imediata das algemas” quando o avião chegou ao Brasil e condenou o que chamou de “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais” dos cidadãos brasileiros.

As autoridades brasileiras ressaltaram que “a dignidade da pessoa humana” é um dos pilares do Estado Democrático de Direito e representa “valores inegociáveis”.

Uma fonte do governo brasileiro explicou à AFP que a deportação “não está diretamente relacionada” à operação contra imigrantes irregulares iniciada nos Estados Unidos após a posse de Trump. “Este voo faz parte de um acordo bilateral entre Brasil e Estados Unidos de 2017, que continua em vigor” e já resultou em expulsões em anos anteriores.

A aeronave, com destino a Belo Horizonte, teve que fazer uma parada técnica em Manaus, cidade originalmente prevista como escala. “Ao chegarem, os brasileiros foram imediatamente liberados das algemas”, informou a Polícia Federal, garantindo a soberania brasileira em território nacional.

As autoridades forneceram colchões, atendimento médico e água aos passageiros, que permaneceram a noite toda em uma sala do aeroporto. O presidente Lula determinou que, no sábado, um avião da Força Aérea transportasse os deportados até o destino final. O voo chegou a Belo Horizonte às 21h10, conforme a Força Aérea.

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