Publicado em 20/09/2022 às 10h08.

Homem diz que foi pago para fazer pergunta ensaiada a Bolsonaro; veja vídeo

Publicitário contou ter recebido transferência bancária no valor de R$ 1.100 paga por site bolsonaristas

Redação
Foto: Reprodução / YouTube
Foto: Reprodução / YouTube

 

O publicitário Beto Viana, que atualmente trabalha como motorista de aplicativo, afirmou que foi pago por um site bolsonarista para fingir ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) e fazer uma pergunta ensaiada ao mandatário, durante a pandemia.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o homem relatou ter sido contratado pelo site Foco do Brasil para se dirigir ao cercadinho na saída do Palácio da Alvorada, em 13 de abril de 2020, e perguntar a Bolsonaro sobre uma entrevista concedida no dia anterior pelo então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta ao Fantástico, da TV Globo. “Eu não assisto a Globo”, respondeu o presidente na cena que depois viralizou nas redes sociais. Três dias depois do episódio, Mandetta foi demitido.

Viana contou ao jornal ter recebido orientação de um homem que se identificou como Anderson, do Foco Brasil, para se dirigir ao local e fazer o questionamento combinado entre o governo federal e o site. “Aí ele falou: ‘Eu vou mandar a pergunta aí no WhatsApp e você faz essa pergunta pra ele. Se qualquer outro apoiador for falar com o presidente, você corta porque o presidente está esperando essa pergunta sua. Aí ele mandou o texto do jeitinho que era pra eu falar”, relatou o publicitário. Com cerca de 3 milhões de seguidores inscritos no YouTube, o Foco do Brasil, foi criado por Anderson Azevedo Rossi.

Mensagens de WhatsApp no telefone de Beto Viana mostram que na manhã daquele dia um contato intitulado “Anderson Foco do Brasil” enviou a pergunta e o orientou a fingir ser apoiador de Bolsonaro e não levantar suspeitas dos jornalistas que trabalhavam no local.

Após fazer a pergunta e ouvir a resposta de Bolsonaro, que ganhou aplausos dos apoiadores, o publicitário disse ter ficado desconcertado. “Eu fiquei até meio sem graça porque imaginei que ele ia falar alguma coisa, falar da entrevista e tal, porque, no meu ponto [de vista], seria uma pergunta de imprensa, mas era uma pergunta para ele poder ‘mitar’. Aí ele ‘mitou”’, contou.

Viana afirmou ainda ter recebido no mesmo dia uma transferência bancária no valor de R$ 1.100 da conta da “Folha do Brasil Negócios Digitais”, antigo nome do Foco do Brasil. Segundo o publicitário, o contratante informou que o valor era referente a um adiantamento de seu salário mensal, de R$ 2 mil.

Após este episódio, ele contou que fez figuração como apoiador de Bolsonaro em outras ocasiões, inclusive, com passe livre da segurança. Com a viralização do vídeo, ele relata que Anderson o deslocou para gravar imagens de manifestações bolsonaristas na Esplanada dos Ministérios, por sua imagem estar muito visada. Cerca de um mês depois, o publicitário foi dispensado.

 

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