Publicado em 21/08/2025 às 10h53.

‘Fiquei triste’, diz Jerônimo sobre áudios entre Jair e Eduardo Bolsonaro

Governador diz respeitar a Justiça e critica o comportamento exposto através da investigação da Polícia Federal

João Lucas Dantas / Raquel Franco
Foto: Raquel Franco / bahia.ba

 

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) afirma ter ficado triste com os áudios divulgados entre Eduardo e Jair Bolsonaro (PL), durante buscas e apreensão da Polícia Federal ao pastor Silas Malafaia, onde pai e filho também foram indiciados.

“Ele está na Justiça, e eu quero respeitar o que a Justiça vai fazer. Eu só fiquei triste com aquelas cenas e aqueles áudios que ouvi de um pai tratar um filho daquela forma. Isso não existe, não tem como a gente criar um ambiente em que uma população inteira deposite fé em um presidente cuja relação pessoal seja marcada por esse tipo de tratamento”, lamentou o chefe do Executivo estadual, durante o acompanhamento das obras de modernização do Complexo do Teatro Castro Alves (TCA), nesta quinta-feira (21).

Atrito na família

Os diálogos entre Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, recuperados pela PF, expõem uma relação conturbada entre o ex-presidente e o deputado federal, em meio à crise provocada pela imposição de tarifas ao Brasil e pelas sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal.

Em uma das mensagens, Eduardo xinga o pai e critica o apoio do ex-presidente ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas:

“Eu ia deixar passar a questão do Tarcísio, mas, graças aos elogios que você fez a mim no Poder360, estou pensando seriamente em bater de novo nele, pra ver se você aprende. VTNC, seu ingrato do car*lh*”, escreveu o deputado em 15 de julho.

Para Jerônimo, esse tipo de tratamento “não é de quem é religioso. Ele e a esposa vivem dizendo que são de religião, e ficam aí xingando um ou outro. É um comportamento que nós, que estamos na política, temos a obrigação de rejeitar. Uma obrigação é trabalhar, mas outra é dar bons exemplos. Nós lideramos uma população. O ex-presidente da República tem que dar bom exemplo. Ele não é mais presidente, mas carrega o título de ex. E seus filhos também têm que dar bom exemplo”, alfineta o governador.

Na tarde do mesmo dia mencionado acima, Eduardo enviou outra mensagem, em tom aparentemente irônico: “Se o imaturo do seu filho de 40 anos não puder se encontrar com os caras aqui porque você me joga para baixo, quem vai se foder é você — e vai decretar o resto da minha vida nesta porra aqui.” Ao final, acrescentou: “Tenha responsabilidade”.

O ex-presidente respondeu com dois áudios, que não puderam ser recuperados pela Polícia Federal, e recebeu também um áudio do filho. Logo depois, Eduardo escreveu: “Quero que você olhe para mim e veja o Temer. Você falaria isso do Temer?”.

Mais uma vez, o gestor estadual lamenta a situação. “Fiquei muito triste ao saber que entregamos a nação a um presidente que trata os filhos daquela forma. Se o filho dele o tratou daquela maneira, é porque foi criado em um ambiente que não ofereceu a devida educação. E, possivelmente, não deixa para nós, para nossos filhos, para nossos netos, para nossos bisnetos, para as gerações futuras, nenhum exemplo”, conclui Jerônimo.

João Lucas Dantas

Jornalista com experiência na área cultural, com passagem pelo Caderno 2+ do jornal A Tarde. Atuou como assessor de imprensa na Viva Comunicação Interativa, produzindo conteúdo para Luiz Caldas e Ilê Aiyê, e também na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador. Foi repórter no portal Bahia Econômica e, atualmente, cobre Cultura e Cidade no portal bahia.ba. DRT: 7543/BA

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