Publicado em 08/06/2023 às 15h00.

Lira deu cargo a irmão e mulher de assessor investigado pela PF em estatal

A superintendência da CBTU na capital de Alagoas é chefiada por Carlos Jorge, irmão de Luciano e gerência regional de Planejamento e Engenharia do órgão pela cunhada

Redação
Foto: Divulgação/Ascom CBTU

 

No último dia 2, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), exonerou o assessor da liderança do PP na Casa, Luciano Cavalcante, investigado pela Polícia Federal num suposto esquema de compra de kits robótica com verbas do orçamento secreto. Contudo, a proximidade de Cavalcante com Lira, vai além ao cargo que ele ocupava no Legislativo em Brasília, ao ponto de empregar parentes em estatal com recursos milionários [R$ 1,3 bilhão em todo país]. A superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) na capital de Alagoas é chefiada por Carlos Jorge, irmão de Luciano.

Só no ano passado, conforme o Estadão, a CBTU em Maceió movimentou R$ 23 milhões em recursos federais. A superintendência do órgão Carlito, como o superintendente é chamado, recebe salário de R$ 19.487,36. Ele chegou ao cargo com as bênçãos de Arthur Lira e do pai do deputado, o atual prefeito de Barra de São Miguel, Benedito de Lira, o Biu.

Já a mulher de Luciano, Glaucia Maria de Vasconcelos Cavalcante, ganhou o cargo de gerente regional de Planejamento e Engenharia do órgão , e recebe um salário de R$ 13.313,10.

Nas redes sociais, Carlito trata Lira e Biu como ídolos. Ele fez campanha para os dois ao menos nas últimas três campanhas eleitorais.

A família de Luciano Cavalcante atua como um exército de cabos eleitorais de Lira especialmente no município de Atalaia, cidade de 47 mil moradores, na região metropolitana de Maceió. Como o próprio superintendente escreveu nas redes, Lira é o deputado federal responsável por 90% dos recursos enviados para Atalaia.

E não para por aí. O diretor presidente da companhia, José Marques de Lima, chefe da estatal a nível nacional, também é ungido de Lira e está no cargo desde julho de 2016. Atualmente, recebe um salário de R$ 25.705,66. Lima permanece no posto há sete anos, passando ileso pelos governos de Michel Temer, Jair Bolsonaro, e Luiz Inácio Lula da Silva.

Ainda em Maceió, a superintendência do órgão abriga André Marcelino Viana Silva, que também trabalhou com Lira na Câmara. Ele é o coordenador operacional de Planejamento do órgão. Até uma das primas do deputado, Orleanes Lira, faz parte do quadro de comissionados da estatal. Orleanes atua como gerente da companhia e cuida das finanças da superintendência. Tem um salário de R$ 13.313,10 por mês.

A Companhia atualmente está vinculada ao Ministério das Cidades. Durante o governo Bolsonaro, a CBTU foi transferida para o Ministério do Desenvolvimento Regional, pasta que foi irrigada por bilhões do orçamento secreto. Em 2022, o órgão controlado por Lira recebeu (empenhado) R$ 261 milhões do mecanismo para aplicar no “funcionamento dos sistemas de transporte ferroviário urbano de passageiros”.

Luciano Cavalcante virou alvo da Polícia Federal nas investigações que apuram irregularidades na compra de kits de robótica pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ao deflagrar a operação, a PF bateu em endereços do ex-assessor de Lira para fazer ações de busca e apreensão com mandado judicial.

Procurados, Lira e a CBTU não se manifestaram. Lira, porém, já declarou publicamente que não tem relação com qualquer irregularidade ligada à compra de kits de robótica pelo FNDE.

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