Lula pede fim do petóleo, ataca negacionismo e guerras na abertura da COP30
Discurso desta segunda (10) mesclou críticas diretas a líderes mundiais, negacionistas climáticos e a logística da guerra

Em um discurso que mesclou críticas diretas a líderes mundiais, negacionistas climáticos e a logística da guerra, o presidente Lula (PT) abriu oficialmente a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) nesta segunda-feira (10), em Belém, no Pará.
O petista reforçou a urgência de um plano global para a transição energética e não poupou palavras ao classificar o aquecimento global como uma “tragédia do presente”.
O evento, que deve reunir autoridades de quase 200 países até o dia 21 de novembro, marca um ponto de virada ao ser sediado pela primeira vez no coração da Amazônia, um desafio logístico e simbólico que Lula fez questão de sublinhar em sua fala.
Gastos de guerra e clima
Um dos momentos de maior impacto do discurso foi a comparação que o presidente fez entre os custos de conflitos militares e o investimento necessário para a agenda climática. Sem citar nações ou líderes específicos, Lula fez um apelo à prioridade:
“Se os homens que fazem guerra estivessem aqui nessa COP, eles iriam perceber que é muito mais barato colocar US$ 1,3 trilhão para a gente acabar com o problema climático do que colocar US$ 2,7 trilhões de dólares para fazer guerra como fizeram nos anos passados.”
A crítica velada atingiu os líderes mundiais que não compareceram à COP, destacando a disparidade de recursos aplicados em destruição versus preservação.
“Nova derrota aos negacionistas”
Em outro trecho de sua fala, Lula elevou o tom contra o que chamou de “obscurantistas” e “negacionistas” das mudanças climáticas, criticando o uso de ferramentas digitais para disseminar desinformação e ódio.
“Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio, espalham o medo, atacam as instituições, a ciência e as universidades. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas”, afirmou.
O presidente salientou que a COP30 deve ser a “COP da verdade”, na era da desinformação, e reafirmou a importância do multilateralismo.
“Mapa do caminho” para superar o fóssil
A dependência de combustíveis fósseis foi um tema central. Em seu “chamado à ação” dividido em três partes, Lula foi enfático ao cobrar dos líderes mundiais um plano concreto para a transição energética justa:
“Precisamos do mapa do caminho para que a humanidade, de forma justa e planejada, supera a dependência dos combustíveis fósseis e reverta o desmatamento e mobilize os recursos para este fim.”
O líder brasileiro também propôs a criação de um Conselho do Clima vinculado à Assembleia Geral da ONU para dar maior estatura política ao desafio.
Amazônia e povo do Pará
Lula dedicou a primeira parte de sua fala a homenagear o povo paraense e a Amazônia, rechaçando a visão de que o bioma é uma “entidade abstrata”. Ele ressaltou que a floresta é o lar de quase 50 milhões de pessoas e 400 povos indígenas, e que trazer a COP para Belém é um desafio necessário para mostrar a realidade da região.
O presidente ainda citou os resultados da Cúpula de Belém, realizada nos dias que antecederam a COP, incluindo a mobilização de US$ 5,5 bilhões para o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) e a luta contra o racismo ambiental.
A pauta da conferência, que se estende até o dia 21, terá como foco o financiamento de países em desenvolvimento para descarbonização e adaptação, com a meta de voltar a ficar abaixo do limite de 1,5 º C de aumento da temperatura global. Lula encerrou o discurso com um desejo: “Espero que a serenidade da floresta inspire em todos nós a clareza de pensamento necessário para ver o que precisa ser feito.”
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