Mauro Cid acusa advogados de Bolsonaro de pressionarem sua família para barrar delação

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que advogados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram pressionar seus familiares para impedir o avanço de seu acordo de delação premiada. Segundo o militar, sua esposa, mãe e até uma filha de 14 anos foram procuradas por integrantes da equipe jurídica do ex-mandatário com o objetivo de convencê-lo a trocar de defesa.

De acordo com Cid, os advogados Fábio Wajngarten, Paulo Bueno e Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz teriam sido os responsáveis pelas abordagens.

“Fábio Wajngarten, Paulo Bueno e Luiz Eduardo […] tentaram convencer familiares do declarante para que trocassem de defesa técnica”, declarou o ex-ajudante de ordens.

Os relatos foram prestados à PF dentro de um inquérito que apura tentativas de obstrução de Justiça. A investigação foi aberta após o advogado Eduardo Kuntz apresentar uma petição dizendo ter conversado com Cid por meio de um perfil falso no Instagram.

Contudo, a defesa do militar apresentou registros de conversas demonstrando que o contato, na verdade, partiu do próprio Kuntz e foi direcionado à filha menor de idade de Cid.

A esposa de Mauro Cid, Gabriela Ribeiro Cid, também relatou pressão. “Atendi a ligação após pedido de minha filha, que era alvo de ligações constantes e insistentes por parte dele. Nessa oportunidade, fiz uma gravação em vídeo da ligação, onde ele tenta me persuadir a trocar de advogado”, disse.

Gabriela afirmou ainda que a tentativa de interferência aconteceu logo após a contratação do advogado Cezar Bitencourt para a defesa do tenente-coronel. “Ele me dizia que tinham diversos advogados muito melhores que poderiam fazer a defesa”, completou.

A Polícia Federal deve tomar novos depoimentos nos próximos dias para esclarecer as acusações, que podem configurar tentativa de obstrução de Justiça.