Publicado em 19/02/2025 às 13h02.

Mauro Cid revela apresentação de minuta do golpe a comandantes militares

Em delação à PF, ex-ajudante de ordens detalha reunião no Ministério da Defesa e envolvimento de generais no plano para manter Bolsonaro no poder

Redação
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

Em delação premiada à Polícia Federal (PF), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid afirmou que o ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, foi encarregado de apresentar a minuta do golpe aos comandantes das Forças Armadas.

Segundo Cid, a reunião ocorreu no Ministério da Defesa, em 14 de dezembro de 2022, com a presença dos comandantes da Marinha, do Exército e da Força Aérea. O objetivo do encontro era expor a minuta, que previa alterar o resultado das eleições de outubro daquele ano para manter Jair Bolsonaro no poder.

Cid relatou que não estava em Brasília no dia do encontro, mas soube posteriormente que o general Freire Gomes, comandante do Exército, rejeitou a proposta, já tendo declarado anteriormente que não adotaria medidas fora das “quatro linhas” da Constituição. Ainda que não tenha detalhado, o depoente informou que, além de Gomes, o comandante da Aeronáutica, Baptista Junior, também se posicionou contra a medida, enquanto o chefe da Marinha, Almir Garnier, demonstrou interesse em apoiar o plano.

O sigilo da delação foi revogado na manhã desta quarta-feira (19), por decisão do ministro Alexandre de Moraes. Na noite anterior, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas.

Dentro do Exército, o general Estevam Theophilo, de quatro estrelas e ex-comandante da área de operações especiais, era considerado leal a Freire Gomes. Segundo Cid, Bolsonaro convocou Theophilo ao Palácio da Alvorada para discutir a minuta do golpe.

Na reunião, realizada em 9 de dezembro de 2022, Bolsonaro teria apresentado o documento, que ainda estava em elaboração. Cid afirmou à PF que não participou do encontro, mas tomou conhecimento do teor da minuta porque o próprio general lhe informou que o encontro tinha como objetivo tratar do documento.

O ex-ajudante de ordens também contou que Theophilo incentivou Bolsonaro a assinar o decreto e garantiu que as Forças Armadas cumpririam a decisão, além de demonstrar disposição para integrar o núcleo do golpe, desde que o ex-presidente oficializasse a medida.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.