‘Motociata’ teve em média 6,7 mil participantes, embora Bolsonaro tenha anunciado 400 mil
Foi divulgado que o ato teria gerado R$ 40 milhões em emprego e renda

Este conteúdo foi investigado pelo Estado de S. Paulo e BandNewsFM, e verificado por UOL, Folha, Band e A Gazeta. A checagem foi publicada pelo projeto Comprova no dia 18 de junho de 2021.
Não é verdade que a “motociata” promovida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no dia 12 de junho gerou R$ 40 milhões em emprego e renda para a cidade de São Paulo. O texto verificado pela UOL, Folha, Band e A Gazeta, publicado em um site, atribui o suposto ganho econômico ao “aquecimento” do setor hoteleiro e de bares e restaurantes por causa da grande quantidade de participantes do evento.
Em contato com o Comprova, o responsável pelo site Hora Brasília disse que conversou com comerciantes para fazer a estimativa de impacto econômico. Segundo ele, “levando em consideração que 400 mil motos passaram pelo pedágio, os comerciantes disseram que cada pessoa gastou ao menos R$ 100, chegamos a este valor”.
O ato realizado na cidade de São Paulo no dia 12 de junho teve participação de pouco menos de 6.700 motocicletas. O dado é do sistema de monitoramento da Rodovia dos Bandeirantes, no pedágio de Campo Limpo, que fica no km 39.
A medição foi feita entre 11h08 e 12h31 do dia do ato, que começou às 10h na zona norte de São Paulo. No fim de semana, depois do evento, apoiadores do presidente chegaram a divulgar um número muito maior de participantes, afirmando que o evento teria quebrado o recorde mundial de reuniões do tipo. Ainda no fim de semana, a Secretaria de Segurança Pública do Estado já havia divulgado uma estimativa bem menor do número de manifestantes.
O cálculo dos supostos R$ 40 milhões gerados pela “motociata” foi feito, segundo o autor do texto, com base em um consumo de cada participante do evento no comércio da cidade. “Entramos em contato com os comerciantes de São Paulo, aqueles que o Dória quebrou. […] Os comerciantes disseram que cada pessoa gastou ao menos R$ 100”, disse Hugo Alves, responsável pelo site que publicou o conteúdo.
A publicação diz que a presença de turistas teria movimentado o setor de alimentação. Este dado também não procede. Além do número de participantes do evento já impossibilitar o cálculo, uma vez que o consumo alegado geraria, na verdade, uma receita de menos de R$ 670 mil, não é possível afirmar que todos os presentes consumiram em algum negócio ou fazer estimativas de valores.
Ouvido pelo Comprova, Joaquim Pinheiro, da Abrasel-SP, disse que os donos de estabelecimentos próximos aos locais onde os manifestantes se concentraram não registraram movimento e faturamento relevantes. “Ao contrário, pelo tumulto que estava e as dificuldades de se chegar até os restaurantes próximos, o faturamento caiu. No Dia dos Namorados, houve até reservas, mas alguns desistiram delas”, pontuou.
O texto também fala da chegada de turistas a São Paulo, para participar da “motociata”, e do aquecimento do setor hoteleiro. O município tem o maior setor de hospedagem do país. Segundo o Observatório do Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo, órgão ligado à prefeitura, a oferta de vagas para hospedagem na capital é de mais de 42 mil unidades habitacionais em 400 hotéis e quase 2,5 mil leitos em 70 hostels. Ainda que todos os participantes da “motociata” fossem turistas — o que não é possível afirmar —, ocupariam cerca de 15% das vagas.
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