Publicado em 21/09/2021 às 11h29.

MPF denuncia autor do parecer contrário ao Festival de Jazz do Capão, na Chapada

Parecista afirmou que parecer de Ronaldo Gomes "discrepa totalmente do padrão de pareceres na área"

Redação
Foto: Divulgação / Festival Jazz
Foto: Divulgação / Festival Jazz

 

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-coordenador de Análise Técnica de Projetos Culturais do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), Ronaldo Daniel Gomes, por crime previsto na Lei Rouanet.

Gomes é o autor do parecer que reprovou o projeto Festival de Jazz do Capão, na Chapada Diamantina, após os proponentes publicarem em rede social que o evento era um “festival antifascista e pela democracia”. Ele foi exonerado da função em julho deste ano.

Conforme o Art. 39 da Lei Rouanet, “constitui crime, punível com a reclusão de dois a seis meses e multa de vinte por cento do valor do projeto, qualquer discriminação de natureza política que atente contra a liberdade de expressão, de atividade intelectual e artística, de consciência ou crença, no andamento dos projetos a que se refere esta Lei”.

Segundo o MPF, em procedimento criminal, Ronaldo Gomes recebeu o projeto referente ao Festival e indicou parecerista credenciada para emitir opinião técnica sobre a proposta.

Ouvida pelo MPF, a parecerista indicada afirmou que tomou conhecimento de que “o processo havia sido retirado de sua caixa” e que seu parecer fora substituído por outro. Segundo a testemunha, o parecer de Ronaldo discrepa “totalmente” do padrão de pareceres na área.

A técnica declarou, ainda, que desde 2015 está credenciada para emitir pareceres referentes a projetos de vários estilos musicais. Disse ainda que nem ela, nem outros pareceristas credenciados, fazem juízos estéticos, pessoais ou políticos a respeito dos projetos examinados.

“A discriminação consistiu na exclusão dolosa do parecer técnico favorável elaborado pela profissional designada, e na inclusão de seu próprio parecer, contrário ao projeto, apenas porque os organizadores do festival declararam, em rede social, que o evento era ‘antifascista e pela democracia’ e que ‘não podemos aceitar o fascismo, o racismo e nenhuma forma de opressão e preconceito'”.

Como Ronaldo Daniel Gomes não possui antecedentes criminais, o MPF apresentou à Justiça Federal do Rio de Janeiro, juntamente com a denúncia, proposta de transação penal na prestação de 200 horas de serviços à comunidade.

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