Publicado em 17/06/2024 às 12h47.

‘Não tinha como estar de fora’, diz líder do PT após aparecer ao lado de Bruno Reis

Petista participou da inauguração do Restaurante Popular ao lado do prefeito de Salvador e causou "desconforto" dentro da sigla

Gabriela Araújo
Foto: Redes Sociais

 

Nos ombros dos moradores do bairro de Fazenda Coutos, no Subúrbio de Salvador, lado a lado com o prefeito Bruno Reis (União Brasil), a imagem do líder do PT na Câmara Municipal de Salvador (CMS), Tiago Ferreira (PT), vem causando incômodo entre os seus pares, incluindo o presidente estadual da sigla, Éden Valadares. 

Em ano eleitoral, a presença do adversário no palanque governista, mesmo que de maneira institucional, desagradou parte da cúpula da sigla. Durante coletiva de imprensa, o dirigente partidário destacou que a imagem do petista ao lado de Reis criou um desconforto dentro do partido. 

Uma tensão na base do PT, na militância do PT, que não entende como pode um vereador nosso de mandato, líder do PT, está participando do evento”, disse, durante conferência nacional da legenda, no Hotel Fiesta, na última sexta-feira (15). 

Procurado pelo bahia.ba, o vereador explicou a imagem que circula nas redes sociais durante o ato de inauguração do Restaurante Popular e afirmou que foi pego de surpresa com o gesto dos seus apoiadores. No entanto, ele ainda ressaltou que a intenção do movimento foi dar protagonismo ao proponente da intervenção. 

“O fato do povo estar carregando eu e ele [Bruno Reis], para mim, foi inesperado. […]. Mas, foi um gesto para dar protagonismo ao executor da obra [prefeito Bruno Reis], e ao autor da obra, que sou eu. Esse é um pleito que venho pedindo desde que eu entrei na Câmara de Vereadores”, disse, nesta segunda-feira (17). 

Nascido e criado no bairro, o petista afirmou que a sua presença no ato era essencial, tanto pelo prefeito ter atendido ao seu pedido, como para demonstrar o compromisso que tem com a sua comunidade. 

“Eu não tinha como estar fora de um ato tão importante para minha comunidade que fui nascido e criado. Eu estava ali não no palanque de campanha, mas de um ato institucional, fruto da minha indicação. […]. [Mas], obviamente, o vereador é quem propõe e quem executa é a prefeitura”, frisou Ferreira. “Eu acho que o prazo eleitoral vai se iniciar ainda, não estávamos discutindo campanha, e sim, um feito fruto da minha intervenção”, reforçou. 

Questionado se já foi convocado pelo seu partido para prestar esclarecimentos sobre o assunto, o edil negou. “Não fui chamado para conversar sobre o assunto. Mas, eu tenho certeza que não cometi nenhum ato de infidelidade partidária, estava no ato que é uma das bandeiras do partido, que é o combate à fome”, disse. 

“A pauta da fome é maior do que as questões partidárias e não declarei apoio a ninguém. Eu estou com fechado com Geraldo Jr., quem o partido está apoiando”, acrescentou. 

Durante a conversa, o petista ainda pontuou que a sua ida até o evento da prefeitura de Salvador foi comunicada “a todos os parlamentares, ao vice-governador Geraldo Jr. (MDB) e o chefe de gabinete do governador, Adolpho Loyola”. 

Indagado se temia perder a liderança do partido na CMS, Ferreira afirmou que “não vê posicionamento para isso”. “Se os meus pares e colegas entenderam que eu não deva estar na liderança do partido, eu não estarei”. 

Em março deste ano, por sua vez, o parlamentar chegou a cobrar uma maior articulação política entre os vereadores de mandato e o governador Jerônimo Rodrigues (PT) para que se discutisse estratégia de enfrentamento ao prefeito Bruno Reis (União Brasil), principal adversário de Geraldo Jr. (MDB) na corrida pelo Thomé de Souza. As declarações soaram como um desalento da sigla aos parlamentares. 

“É necessário, sim, o governo do Estado sentar com a base para definir as estratégias de campanha e apresentar suas condições. Na prefeitura, os candidatos da base têm emendas parlamentares. Nós estamos buscando também, porque acho que isso é institucional”, disse, à época. 

O bahia.ba entrou em contato com o presidente estadual do PT, Éden Valadares, para questionar sobre o assunto, mas foi informado pela assessoria do partido que o dirigente está em viagem e não obteve retorno no contato.

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