Publicado em 26/08/2016 às 09h44.

‘O Doido’ propõe diálogo com traficantes. Doidice? Nem tanto

Isidório, um pastor evangélico, tido como amalucado por ferir habitualmente as regras de padrão comportamentais

Levi Vasconcelos

Frase da vez

“Não faço apologia das drogas. Mas em países como o nosso, com a droga à solta, barata, na mão de crianças, a violência do narcotráfico produz muito mais vítimas que um hipotético controle de seu comércio e consumo”

Chico Buarque de Holanda, cantor e compositor brasileiro

Foto: Júnior Improta/ Ag. Haack/ bahia.ba
Foto: Júnior Improta/ Ag. Haack/ bahia.ba

 

Salvador Dali, o famoso pintor espanhol, tem uma frase que se encaixa como uma luva no deputado Sargento Isidório, o candidato do PDT a prefeito de Salvador:

— Pegue-me, sou a droga; pegue-me, sou alucinógeno.

Isidório, um pastor evangélico, tido como amalucado por ferir habitualmente as regras de padrão comportamentais, carimbado como homofóbico por suas posições contra os gays, um mérito inegável, a expertise em cuidar de drogados, via Fundação Dr. Jesus, em Candeias, onde mantém uma média de mais de mil internos.

Pois Isidório, ‘O Doido’, como ele mesmo se autodenomina até nos jingles de campanha, botou no seu programa de governo a abertura de diálogo com os traficantes:

— Eu sei que vão dizer que estou propondo ao Estado se agachar ao crime e coisas assim. Mas não é nada disso. O que eu quero é parar com a matança. Dizer ao traficante que ele pare de matar.

A proposta é doidice? Nem tanto. Alguns setores da sociedade, com integrantes do Ministério Público e da própria polícia, já discutem há tempos a descriminalização das drogas, tratar o assunto como caso de saúde pública, não de polícia.

O que se diz, nesse raciocínio, é que o combate às drogas, da forma que é não produz resultados no sentido da redução, muito pelo contrário, a violência cresce, o número de mortos também, inclusive de policiais, que estão numa briga que não é deles.

Não é bem essa a linha de pensamento de Isidório. Ele parte mais para a persuasão, a abdicação da violência. Mas nem por isso a iniciativa deixa de ser um indicativo da ampliação dos debates para rever a política de combate às drogas.

A única coisa certa é a de que, do jeito que vai, não vai.

O grito da saúde 1

Já à beira de um ataque de nervos por conta de uma crise que se cronificou por falta de reajustes na tabela do SUS, os setores filantrópico e público da saúde, mais que nunca, se dizem mais que preocupados.

E razões não faltam. O governo quer detonar o dispositivo constitucional que obriga a União a repassar para a saúde 13,2% da receita líquida, o que em 2016 dá em torno de R$ 118 bilhões, já com os cortes feitos por Dilma no apagar das luzes do seu governo.

O grito da saúde 2

O secretário da Saúde baiano, Fábio Vilas Boas, teve encontro em Brasília anteontem com colegas de todo o país e diz que a preocupação é geral.

— Se isso se consumar, com certeza haverá a supressão de muitos serviços hoje ativos. Estamos tentando sensibilizar as nossas bancadas para refletir bem sobre isso.

Convém ficar atento. Se isso se consumar, estaremos diante de um dos mais grotescos desatinos da nossa representação política: depois de uma roubalheira monumental, vão tapar buraco tirando dinheiro de quem mais precisa para garantir a vida.

Rosita x Eserval

Lembra aquela história em que a desembargadora Rosita Falcão, o marido e o filho processaram o desembargador Eserval Rocha, ex-presidente do TJ, por difamação?

Teve um desfecho ontem. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) arquivou o caso.

O advogado de Eserval foi o criminalista Sérgio Habib, o mesmo que defendeu Marcelo Nilo em que o deputado Antônio Imbassahy o acusou de difamação por tê-lo chamado de ‘traidor’ e ‘puxa-saco’.

A gênese

No caso da desembargadora Rosita Falcão, a gênese da questão está numa carta anônima que circulou no TJ ofensiva a ela, ao marido e ao filho.

Ela atribuiu a autoria a Eserval.

Neto x Célia

Os auxiliares da vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento, indicados pela própria, começaram a voar. Ontem, o Diário Oficial do Município trouxe a exoneração dos dois primeiros e a nomeação de dois outros, estes da confiança de ACM Neto.

O Gabinete da vice é gordo em cargos. E o medo se instalou entre os ocupantes. Dizem lá que não vai sobrar um. Funciona no prédio do Instituto de Previdência de Salvador (IPS), em frente ao Colégio Central.

Célia continua indo lá normalmente.

Inimiga

Célia Sacramento entrou em guerra aberta contra ACM Neto depois de ter sido preterida na escolha do vice.

Chegou a insinuar que Neto superfatura obras e, segundo fontes da prefeitura, ela mesma escolheu o caminho e será tratada como adversária. Ela tem outros cargos na administração. A ideia é tirar todos.

Epigrama do Gilmar

Logo após o ministro do STF, Gilmar Mendes, criticar os vazamentos da Lava Jato que atingiram o colega Dias Toffoli, todas as associações de juízes e procuradores divulgaram nota defendendo a operação.

Diz a nota: “É lamentável que um ministro do Supremo milite contra as investigações com a intenção de decretar seu fim”.

O poeta Antônio Lins tascou o epigrama:

Grande juiz dos distratos!

Li tua sentença enfermiça…

Tens a justiça nos pratos,

Na prata tens tua justiça

Big ajuda

Quem comer um Big Mc amanhã, na rede McDonald’s de Salvador e Feira de Santana, além da degustação, estará prestando um bom serviço a duas instituições que muito precisam de ajuda. Toda a renda irá para o Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC-Ba) e Hospital da Criança Martagão Gesteira.

O Mc Dia Feliz é uma campanha do Instituto Ronald McDonald, que nesta edição, tem o cantor Saulo como McAmigo e a primeira dama da Bahia e presidente das Voluntárias Sociais, Aline Peixoto, como patronesse. Também há produtos promocionais, como camisas e afins.

Hoteleiros em guerra

Os hoteleiros de Salvador decidiram ontem ampliar o boicote às agências de viagens e turismo online, conhecidas como OTAS (Online Travel Agencies), a principal delas, a Decolar.com. O xis da questão: elas cobram taxas extorsivas, de 18% a 22%.

O presidente da ABIH-Ba, Glicério Lemos, diz:

— Estamos no fundo do poço, precisamos enfrentar as OTAS, que estão nos levando a uma crise sem precedentes.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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