Publicado em 07/02/2024 às 17h28.

‘O trabalho contra a corrupção incomoda a direita e a esquerda’, diz Bruno Brandão

‘É um contexto muito importante de ser levado em conta, dado o ambiente político que estamos vivendo’, afirma diretor da Transparência Internacional no Brasil sobre investigação

Redação
Imagem: Reprodução/CNN BRASIL

 

Diretor-executivo da Transparência Internacional no Brasil, Bruno Brandão afirmou, em entrevista ao GLOBO, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) já descartou anteriormente as suspeitas levantadas pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, ao determinar uma investigação contra a Transparência Internacional no Brasil. Brandão também critica retrocessos no combate à corrupção no país, mas reconhece erros cometidos pela ONG no contexto da Operação Lava-Jato, de acordo publicação do portal O GLOBO.

Em entrevista Bruno Brandão diz como reagiu à decisão do ministro Dias Toffoli de investigar a Transparência Internacional. “Com espanto, porque essas alegações já haviam sido desmentidas há anos pela própria Transparência e, principalmente, por autoridades brasileiras, inclusive a Procuradoria-Geral da República. O que nos surpreende muito é que a decisão do ministro Toffoli cite um ofício do (ex-procurador-geral Augusto) Aras, mas não inclua a resposta, que foi dada pela procuradora Samantha Dobrowolski, em um memorando detalhado, desmentindo as informações que a TI havia recebido ou receberia qualquer recurso”, afirmou.

O diretor disse que não pode fazer afirmações sobre intenções das autoridades. O que eu pode dizer é sobre a experiência no mundo, em que frequentemente é alvo de campanhas difamatórias ou até mesmo ameaças. E que há pessoas que se incomodam muito com o trabalho anticorrupção, à esquerda, à direta e, principalmente, acima.

A cerca da Transparência Internacional no acordo da J&F produziram o relatório (com sugestões), um ano depois (do acordo ser assinado), mas o ambiente mudou. Aconteceu aquela autogravação do Joesley (Batista), e a empresa passou a ter uma atitude hostil com o Ministério Público e houve um desinteresse por parte da empresa pelo trabalho que estava sendo feito. Não fizeram nada mas realizaram um relatório altamente técnico, com mecanismos de controle. Infelizmente, a J&F nunca os adotou, o que também revela o caráter não vinculante desse trabalho da TI.

“O que fizemos foi um relatório que absolutamente blinda que qualquer entidade pública ou privada se apropriasse desse recurso de maneira ilegítima, inapropriada. O relatório está público há alguns anos, e mostra quais eram as orientações. Inclusive, que o Ministério Público não deveria se envolver na gestão desses recursos. Ele criava mecanismos rigorosos”, finalizou Brandão em entrevista ao GLOBO, sobre recomendações de onde o dinheiro deveria ser empregado.

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