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Publicado em 22/12/2025 às 21h00.

Pastor defende neutralidade religiosa e alerta para riscos de alinhamento partidário em igrejas

Para Diogo Dantas, participação política é um direito do fiel enquanto cidadão, mas não deve ser institucionalizada

Otávio Queiroz
Foto: Reprodução/YouTube

 

O pastor e psicólogo Diogo Dantas afirmou que instituições religiosas não devem se posicionar politicamente e defendeu cautela para preservar a isonomia e a unidade dentro das igrejas. A declaração foi feita nesta segunda-feira (22), durante entrevista ao Politiquestion, podcast do bahia.ba, ao comentar o papel da religião no debate político brasileiro.

Segundo Dantas, a participação política é um direito do fiel enquanto cidadão, mas não deve ser institucionalizada. “Ao meu ver, a instituição não deve se posicionar politicamente. Agora, o cristão, como membro da igreja, ele é cidadão com deveres e poderes políticos, então ele vai participar do processo político como qualquer outro cidadão”, afirmou.

Na avaliação do pastor, quando a igreja prioriza disputas políticas em detrimento de valores comuns, o risco de divisão se torna inevitável. “O que nos une deve ser maior do que o que nos separa. Mas, se a igreja começa a tratar o que nos separa como mais importante do que o que nos une, a separação é inevitável”, disse.

Ele acrescentou que a igreja já se orienta por um princípio superior. “A igreja precisa entender que ela já serve a um governo estabelecido, que é o governo de Cristo, e esse governo não está submisso nem é totalmente representado por nenhuma ideologia.”

Dantas também criticou o apoio formal de instituições religiosas a candidaturas específicas. Para ele, o voto é sempre uma concordância parcial e nunca absoluta. “Quando damos um voto na urna, estamos dando uma aprovação parcial a um candidato. Mas, quando a igreja apoia um candidato, ela submete todo o organismo daquela igreja àquela candidatura, e isso é problemático”, concluiu.

Igreja e religião

O debate ocorre em um contexto de crescimento do segmento evangélico no Brasil. Dados do Censo 2022 indicam que 26% da população brasileira com mais de 10 anos se declara evangélica, o equivalente a cerca de 47 milhões de pessoas. Em 2010, o percentual era de 21,6%. Apesar da expansão, o crescimento ficou abaixo da projeção de 30% feita por analistas.

Paralelamente, pesquisas recentes apontam uma forte associação entre parte desse eleitorado e o bolsonarismo. Na véspera do segundo turno das eleições de 2022, levantamento do Datafolha indicou que 69% dos votos válidos dos evangélicos seriam destinados ao então presidente Jair Bolsonaro. Já em relação ao governo Lula, pesquisas de opinião mostram rejeição consistente nesse grupo, que não ficou abaixo de 52% ao longo do mandato e chegou a 66% no levantamento mais recente, divulgado em maio.

Otávio Queiroz
Soteropolitano com 7 anos de experiência em comunicação e mídias digitais, incluindo rádio, revistas, sites e assessoria de imprensa. Aqui, eu falo sobre Cidades e Cotidiano.

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