Petistas disputam com centrão cargos de comando e exigem de Lira alto poder de articulação
O objetivo do PT é presidir a principal comissão da Câmara, a CCJ, mas já ofertada ao PL por ser o maior partido d Câmara

Antes mesmo de o presidente da Câmara Federal Arthur Lira (PP-AL) ser reconduzido aos posto com a benção do presidente do Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – faltam apenas 10 dias para a eleição oficial -, e os petistas e partidos do centrão negociam o espaço de cada um nos demais principais postos de comando da Casa: a Mesa Diretora, as comissões permanentes e a do Orçamento. A disputa não estaria sendo das mais fáceis. A próxima legislatura, que tem início em 1º de fevereiro.
Lira, que controla o centrão, já tinha feito na campanha eleitoral acordos de distribuição desses postos entre as principais siglas de centro e de direita, como PL e União Brasil.
Com a vitória de Lula e o apoio a reeleição de Lira que, involuntariamente, o consagrou presidente reeleito, o pepista precisou fazer um rearranjo para abrigar a sigla, que terá a segunda maior bancada, com 81 parlamentares, perdendo apenas para o PL de Jair Bolsonaro, com 99 deputados. As ambições pelos principais cargos entre esses partidos pode causar problemas para Lira,
As regras para a eleição da Câmara envolvem formação de blocos de apoio aos candidatos, costura que inclui, em troca do apoio, a distribuição dos demais cargos de comando da Mesa —duas vice-presidências, quatro secretarias e cargos de suplência— entre as legendas, o que é feito de forma proporcional ao tamanho do bloco.
A divisão do comando das comissões é feita posteriormente, mas os acertos sobre quem irá controlar qual delas ocorre desde já. As maiores bancadas têm preferência na escolha dos colegiados, mas também é possível fazer acordos para que algum partido fique com uma comissão de mais interesse.
Com a adesão do PT e de partidos de sua órbita, , conforme a Folha de São Paulo, a tendência é a de que Lira tenha que enfrentar, no máximo, concorrentes lançados por partidos de baixa expressão, como o Novo.
Conforme as negociações em curso, o PL ficaria com a primeira vice-presidência —circula o nome do deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, mas ainda haverá uma votação interna para formalizar o indicado do partido. Para contemplar o Republicanos, Lira indicou que apoiará a candidatura do deputado Jhonatan de Jesus (RR) para o TCU (Tribunal de Contas da União).
O PT tem a pretensão de conquistar na Mesa um cargo mais relevante que a atual Segunda Secretaria, ocupada por Odair Cunha (MG), que cuida dos estágios da Câmara e representa a Casa nas relações com embaixadas, além de auxiliar na emissão dos passaportes diplomáticos e oficiais.
O posto do PT na Mesa, seja qual for, deverá ser destinado à deputada Maria do Rosário (RS). Apesar disso, segundo parlamentares, o objetivo maior do partido de Lula é presidir a principal comissão da Câmara, a CCJ (Constituição e Justiça), pela qual passam todos os projetos que tramitam na Casa.
O presidente da Câmara havia indicado a PL e União Brasil que eles ocupariam a presidência da comissão, em rodízio (um a cada ano). Pelo tamanho da bancada, o PL teria direito à primeira escolha, que naturalmente é a CCJ. Em outras palavras, a principal comissão da Câmara ficaria nas mãos do maior partido de oposição a Lula.
Na prática, isso poderia emperrar a tramitação de projetos de interesse do governo ou até acelerar textos que vão no sentido contrário aos objetivos da administração petista.
Lira propôs ao governo, segundo deputados, manter o acordo que ele havia firmado, com o compromisso de que o escolhido do PL para comandar a CCJ não fosse da ala mais bolsonarista do partido. Ainda assim, o PT mantém o discurso de que não abre mão neste primeiro ano da CCJ, vista como imprescindível para a governabilidade de Lula e para evitar pautas-bombas.
O compromisso de Lira também envolve a CMO (Comissão Mista de Orçamento), cobiçada pela União Brasil e pelo MDB. A relatoria do Orçamento de 2024 ficará a cargo de um deputado —a deste ano foi do senador Marcelo Castro (MDB-PI).
Para ganhar força na disputa pelas comissões, o PT não descarta organizar um bloco com os partidos de centro que tenham ministérios no governo, como União Brasil, MDB e PSD. O grupo não lançaria rival a Lira, mas serviria apenas para negociar os colegiados.
Dentro de algumas dessas legendas, no entanto, há resistência à ideia, em especial pela avaliação de que é mais difícil conciliar interesses dos partidos em blocos diferentes. Nesse sentido, um bloco só facilitaria a concertação de vontades. Além da CCJ, o PT pleiteia a comissão de Educação, hoje com a União Brasil.
Em outra frente, PSB e PDT, ambos aliados a Lula, articulam um bloco formado apenas pelos dois. O PSB elegeu 14 deputados e o PDT, 18. Juntos, somam 32 parlamentares. Dirigentes das duas legendas avaliam que, juntos, conseguirão pleitear espaços melhores nos comandos de comissões e também na Mesa Diretora.
Mais notícias
-
Política
21h55 de 30/07/2025
Lula condena sanções dos EUA e defende soberania nacional: ‘Justiça não se negocia’
No comunicado, presidente também ressaltou que a lei brasileira vale para todos, inclusive empresas e plataformas digitais
-
Política
20h40 de 30/07/2025
Bolsonaro se isenta sobre sanções dos EUA a Moraes: ‘Não tenho nada com isso’
Magistrado sofreu penalidades que incluem o bloqueio de bens e ativos em território americano
-
Política
19h31 de 30/07/2025
‘Tarifa imposta é uma medida unilateral’, afirma Jerônimo Rodrigues
O governador disse ainda que a decisão de Trump é responsabilidade da extrema direita
-
Política
17h55 de 30/07/2025
Secretário critica tarifaço e afirma que família Bolsonaro trabalha para sabotar o país
Augusto Vasconcelos afirmou que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem trabalhado para diminuir os efeitos da decisão do líder americano
-
Política
17h25 de 30/07/2025
Lula convoca ministros para reunião de emergência após Trump oficializar tarifa de 50% ao Brasil
O encontro acontece ainda nesta quarta-feira (30)
-
Política
16h42 de 30/07/2025
Éden critica ‘tarifaço’ em Salvador e alfineta Bruno Reis e ACM Neto
Dirigente criticou o alto custo de vida na capital e disse que a cidade tem perdido moradores e afastado investimentos por conta de altos impostos
-
Política
16h21 de 30/07/2025
De olho em 2026, Michelle Bolsonaro transfere título para DF
Ex-primeira-dama deve disputar vaga pelo Distrito Federal; Bolsonaro já confirmou pré-candidatura
-
Política
15h44 de 30/07/2025
Nikolas cita Olavo de Carvalho e classifica sanção contra Moraes como um marco
O parlamentar afirmou que a lei aplicada "é contra abusos de autoridade no Brasil"
-
Política
15h25 de 30/07/2025
Com sanções dos EUA, Moraes perde acesso a cartões, contas e está impedido de entrar no país
Ministro foi punido pelo governo americano com a Lei Magnitsky nesta quarta-feira (30)
-
Política
14h55 de 30/07/2025
Eduardo Bolsonaro comemora nova sanção dos EUA contra Moraes
Na postagem, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que "anistia ampla, geral e irrestrita é urgente para restaurar a paz"