População vê Lula e Bolsonaro como responsáveis por fraudes no INSS, aponta pesquisa

A maior parte da população vê falhas tanto na administração de Jair Bolsonaro (PL) quanto na de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso de desvios em pensões e aposentadorias do INSS, mas há uma proporção ainda maior que responsabiliza o governo atual pela crise, de acordo com recortes das pesquisas Ipsos-Ipec e Datafolha divulgados nesta segunda-feira (16).

No levantamento Ipsos-Ipec, 84% dos entrevistados atribuem a um ou outro governo — ou a ambos — as recentes denúncias de fraudes no INSS. Destes, 43% consideram que o governo Lula é “responsável pela escalada do problema, porque os valores dos desvios dispararam em sua gestão”. Outros 35% entendem que “o esquema de fraudes no INSS começou durante o governo Bolsonaro e só veio à tona porque a gestão Lula aprofundou as investigações”. Cerca de 6% concordam com ambas as colocações, 4% não se identificam com nenhuma delas e 12% não souberam responder.

Ainda segundo a Ipsos-Ipec, 54% avaliam como ruim ou péssima a atuação do governo Lula diante das denúncias recentes de desvios em pensões e aposentadorias. Para 18%, a resposta da gestão ao problema foi considerada regular, e 22% apontam como ótima ou boa. Outros 6% não deram opinião sobre essa avaliação. Foram ouvidas 2.000 pessoas em 132 municípios, entre os dias 5 e 9, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

O Datafolha também registra divisão de opiniões quanto à responsabilidade, mas mostra parcela maior atribuindo culpa a Lula. Segundo esse levantamento, 78% veem o presidente atual com ao menos uma parte de responsabilidade pelos desvios, enquanto 70% atribuem algum grau de culpa a Bolsonaro. Em relação a Lula, 50% consideram que ele tem “muita responsabilidade” e 28% opinam que possui “um pouco”. Para 16%, não teria “nenhuma responsabilidade” e 7% não responderam. Sobre Bolsonaro, 41% dizem que ele tem “muita responsabilidade”, 29% avaliam que tem “um pouco” e 22% afirmam que não tem “nenhuma responsabilidade”; 7% não souberam opinar. O Datafolha entrevistou 2.004 eleitores em 136 municípios, entre os dias 10 e 11, também com margem de erro de dois pontos percentuais.

O esquema bilionário de fraudes no INSS ganhou destaque há cerca de dois meses e levou à queda do então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi. Investigações da Polícia Federal apontam que pelo menos R$ 6,3 bilhões foram desviados de aposentados e pensionistas, afetando mais de 4,1 milhões de beneficiários entre 2019 e 2024. Há indícios de que o esquema existia desde 2016, mas que em 2021, sob a gestão Bolsonaro, houve aumento expressivo nos débitos irregulares. Em 2023, na administração atual, a Controladoria-Geral da União identificou maior volume de reclamações sobre descontos indevidos e abriu investigação.

No contexto dessas denúncias, os dois levantamentos indicam desafio para o governo Lula: segundo o Datafolha, 40% consideram a gestão ruim ou péssima e 28% ótima ou boa; a Ipsos-Ipec registra 43% de avaliação negativa e 25% positiva.