Publicado em 23/11/2025 às 08h30.

Presidência da COP30 aponta limites e ‘passos firmes’ em negociação

Países demandaram mais estudos e acordos sobre transição energética

Redação
Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR

 

A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) terminou neste sábado (22) com a Presidência brasileira apontando progressos na agenda de adaptação, novas ferramentas internacionais de implementação climática e diretrizes para o debate sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis.

Em coletiva de imprensa após o encerramento das negociações, o embaixador André Corrêa do Lago, a secretária-executiva do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, a negociadora-chefe Liliam Chagas e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, apresentaram os principais resultados.

Corrêa do Lago destacou que a conferência começou com forte pressão negociadora e autonomia ampliada aos codiretores. O pacote de adaptação — considerado um dos temas mais complexos da COP — iniciou com mais de 100 indicadores e foi finalizado com 59. Segundo o embaixador, apenas 10% tinham consenso no início, e a reorganização das métricas permitirá que o debate continue em junho, na conferência de Bonn, na Alemanha.

No campo energético, ele afirmou que havia duas possibilidades para avançar na discussão sobre a redução do uso de combustíveis fósseis, tema sensível desde a COP de Dubai. Segundo ele, o posicionamento de Lula durante o evento ajudou a colocar o assunto no centro da agenda, abrindo espaço para tratá-lo de forma estruturante, mesmo sem consenso pleno.

A secretária-executiva Ana Toni ressaltou que a COP30 alcançou consensos em um tema complexo e avançou em uma agenda de implementação concreta, preservando os compromissos do Acordo de Paris.

Ela destacou a apresentação de 120 planos de aceleração relacionados a combustíveis comerciais, carbono e indústria verde, além da aprovação de 29 documentos. Toni considerou que a adaptação ganhou um novo patamar nesta COP, incluindo esforços para triplicar o financiamento internacional até 2035. Também mencionou avanços como a inclusão inédita de mulheres e meninas afrodescendentes e o fortalecimento da agenda oceânica.

A negociadora-chefe Liliam Chagas afirmou que países vulneráveis atuaram de forma articulada, e que os indicadores aprovados servirão como referência para medir progresso e orientar políticas públicas. Entre os anúncios, destacou o fortalecimento do Acelerador Global de Ação Climática, que funcionará como espaço permanente para impulsionar medidas fora da trilha formal de negociação.

Também citou a criação de um fórum internacional para discutir a relação entre comércio e clima, considerada estratégica para o Brasil. Chagas mencionou ainda avanços políticos, como o reconhecimento de grupos afrodescendentes como vulneráveis, o reforço ao papel das terras indígenas na proteção de sumidouros de carbono e a inclusão de representantes de comunidades locais nas negociações paralelas.

Ao comentar o processo, Marina Silva afirmou que a posição pública de Lula fortaleceu a agenda de mitigação e permitiu integrá-la à adaptação. Ela ressaltou que países ricos já possuem caminhos para reduzir o uso de combustíveis fósseis, mas nações pobres ou dependentes do petróleo ainda precisam de condições para construir suas próprias estratégias após décadas de espera por respostas.

A ministra também destacou a importância da transição para o fim do desmatamento e do TFF, mecanismo financeiro que substitui a lógica de doação ao criar meios para mobilizar investimentos privados a partir de recursos públicos voltados à proteção da floresta e biodiversidade.

Sobre o legado da COP30, Marina afirmou que a conferência ampliou a compreensão pública sobre mudanças climáticas e incorporou contribuições das populações amazônicas, que enfrentam isolamento e dificuldades de acesso a serviços básicos. Segundo ela, a Amazônia não apenas recebe, mas oferece um legado, com sua diversidade, paisagens e riqueza cultural.

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