Publicado em 30/09/2025 às 07h41.

Presidente da Conafer é preso em flagrante durante depoimento à CPMI do INSS

Senador Carlos Viana (Podemos-MG) determinou a prisão de Carlos Roberto Ferreira Lopes na madrugada desta terça (30) por falso testemunho

Raquel Franco
Foto: Carlos Moura/Agência Senado

 

O presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso em flagrante na madrugada desta terça-feira (30), enquanto prestava depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. 

Lopes negou envolvimento nas fraudes que descontaram indevidamente valores dos benefícios de aposentados e pensionistas. Ele afirmou não saber detalhes das operações de pessoas e empresas ligadas à Conafer, presidida por ele e investigada por irregularidades.

A prisão foi decretada pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), com a justificativa de que o depoente teria mentiroso “deliberadamente” à Comissão, mesmo após ter se comprometido a falar a verdade. Segundo Viana, Lopes ocultou informações e tentou convencer o colegiado de que a operação da Conafer era regular, cometendo crime de falsidade ideológica. 

O pedido de prisão havia sido feito pelo deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), alegando que o presidente da Conafer praticou o crime de falso testemunho pelo menos quatro vezes ao longo da oitiva. 

“Sei que a nossa voz de prisão se repetirá, a pessoa será ouvida e liberada. Mas há um grito na garganta de todos os brasileiros em relação a essa impunidade. O senhor está preso em nome dos aposentados, das viúvas e dos órfãos do nosso Brasil. Quem rouba aposentado rouba do nosso país, dos brasileiros. E aqui quem mente paga o preço”, disse Viana ao determinar a prisão de Lopes.

Veja momento da determinação da prisão:

Conafer investigada

Entre as entidades investigadas, a Conafer é que mais aumentou os descontos em aposentadorias e pensões do INSS entre 2019 e 2024, passando de R$ 400 mil para R$ 277 milhões.

O relatório da Polícia Federal (PF) aponta que a entidade descontou dos benefícios de aposentados e pensionistas valores maiores do que os autorizados nos registros.

Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), relator do caso, questionou sobre supostas fichas de beneficiários já mortos. “Em 2024, a Conafer foi obrigada pela CGU [Controladoria-Geral da União] a mandar 100 fichas para conferência das regularidades das adesões. O senhor mandou a ficha da dona Maria Rodrigues. Ela já tinha morrido há cinco anos e fez uma assinatura. Esse padrão se repetiu mais de 300 vezes pela Conafer”, afirmou Gaspar. 

“O Gilberto morreu há 20 anos, mas assinou. É padrão da Conafer ressuscitar mortos para assinatura de descontos associativos?”, questionou. Segundo o deputado, em 2021 foram 87 fichas de pessoas já mortas, em 2022 foram 61, em 2023 “o milagre explodiu” para 2.083 e, em 2024, foram 1.135 “ressuscitados”.

“É padrão do INSS ter defunto recebendo benefício? Se o morto tiver recebendo benefício, sim”, respondeu Lopes.

*Com informações da Agência Senado

Raquel Franco

Natural de Brasília, formou-se em produção em comunicação e cultura e em jornalismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Também é fotógrafa formada pelo Laboratório de Fotografia (Labfoto). Foi trainee de jornalismo diário na Folha de S.Paulo.

Temas: cpmi inss

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