Publicado em 06/12/2019 às 08h02.

QG de campanha pró-Bolsonaro foi omitido em declaração à Justiça Eleitoral

Gastos ou cessão de imóvel em Belo Horizonte não foram informados; advogada do presidente diz que comitê era desconhecido

Redação
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

 

Um imóvel utilizado como comitê de campanha do presidente Jair Bolsonaro (atualmente sem partido) em Belo Horizonte não foi declarado à Justiça Eleitoral, informa reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

Segundo a publicação, dezenas de vídeos, fotos e postagens compartilhadas em redes sociais documentam a intensa atividade no local durante a corrida presidencial em 2018. O QG funcionou por 51 dias, de setembro a outubro do ano passado, o que representa um gasto não declarado de cerca de R$ 166 mil.

“Em um imóvel de 3.500 metros quadrados na principal artéria da Pampulha, a avenida Antonio Carlos, os responsáveis pelo QG distribuíam camisetas e adesivos de ‘Bolsonaro Presidente’ para carros e motos. Na fachada do prédio, uma faixa com o slogan da campanha e o número do candidato do PSL, 17”, menciona a reportagem.

De acordo com a Folha, seria um comitê normal de campanha não fosse por um detalhe: nenhum gasto ou cessão do imóvel foram declarados à Justiça Eleitoral nem pela campanha de Bolsonaro nem pela dos aliados, o que contraria a lei eleitoral, segundo três especialistas ouvidos pelo jornal.

Conforme a reportagem, um documento da Prefeitura de BH mostra que o imóvel pertence a uma empresa, a concessionária de veículos Brasvel. Um dos donos, Eduardo Brasil, confirmou à reportagem que o imóvel foi “cedido” a um grupo de bolsonaristas. Desde 2015 as doações de empresas para campanhas eleitorais são proibidas.

Desde que foi eleito, Bolsonaro se vangloria de a sua campanha ter desembolsado apenas R$ 2 milhões no país. Assim, só o valor não declarado do imóvel da capital mineira representa mais de 8% de todo o gasto oficial da campanha de Bolsonaro.

No mês passado, a Folha também revelou que ao menos R$ 420 mil (parte dele, dinheiro público do fundo eleitoral) foram usados para a confecção de 10,8 milhões de santinhos, adesivos, panfletos e outros materiais, isoladamente ou em conjunto com outros candidatos do PSL, sem que tivesse sido declarado pela campanha de Bolsonaro.

Advogada diz que campanha de Bolsonaro desconhecia comitê

Questionado pela reportagem da Folha, o Palácio do Planalto respondeu que a demanda deveria ser “dirigida ao comitê do PSL”.

A advogada da campanha de Jair Bolsonaro, Karina Kufa, afirmou que “o presidente da República e a equipe que cuidou da prestação de contas de campanha, do escritório Kufa Advocacia, jamais tiveram informação desse suposto comitê”.

Ela disse que esse imóvel não foi declarado porque a campanha não soube da sua existência.

Procurado pela Folha, o TRE respondeu que não havia localizado registro de nenhuma visita ao local.

O PSL estadual de Minas Gerais não respondeu até a publicação da reportagem. A legenda, pela qual Bolsonaro foi eleito, era comandado naquele estado pelo deputado Marcelo Álvaro Antônio, atual ministro do Turismo, acusado de liderar um esquema revelado pela Folha de candidaturas de laranjas.

O presidente da República, por sua vez, saiu do PSL no mês passado para tentar fundar uma nova sigla, a Aliança pelo Brasil.

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