Publicado em 27/11/2019 às 18h06.

Salvador num dia de chuva forte ao quíntuplo. Menos mal: ninguém morreu

Restam 600 áreas de risco. Que Rui e Neto sigam com bendita briga. O mais sublime dos interesses públicos agradece

Levi Vasconcelos
Foto: leitor/bahia.ba
Foto: leitor/bahia.ba

 

Nas medições dos meteorologistas, uma chuva de 1,1 a 5 milímetros é considerada fraca. De 5,1 a 25, moderada; de 25,1 a 50 é forte; e mais de 50, muito forte. No acumulado de 24 horas, Salvador ontem bateu os 250 milímetros. Em três apenas horas, 174. É muita água, um quase dilúvio. É óbvio que um cenário desses cheira a tragédia.

Até pouco tempo quando acontecia chuvaradas nem tão intensas, mas próximas, as redações dos jornais já presumiam um dia de manchetes trágicas. Os repórteres, como nós, viam cenas escabrosas, como em 1º de junho de 1996, no Arraial do Retiro: 32 mortos, dia tristemente inesquecível.

Mui grata

Na enorme coleção de tragédias tais que Salvador tem, a maioria das vítimas morre soterrada. No Arraial do Retiro um fato macabro destoou: uma senhora um tanto gordinha, dona de um bar, simplesmente estourou. Sangue e vísceras por todos os lados, um horror.

Talvez por isso, nós, testemunhas de episódios como esses, que perseguem nossa memória pela vida inteira, tenhamos uma visão mais próxima da enorme importância que a disputa entre Rui Costa e ACM Neto na proteção de encostas tem para Salvador.

Ontem se viu ruas alagadas, trânsito travado, casas alagadas, gente caminhando por águas podres num país que não dá importância ao saneamento. Cenas tristes, mas com um alento: ninguém morreu. Claro que ainda há muito a fazer. Restam 600 áreas de risco. Que Rui e Neto sigam com bendita briga. O mais sublime dos interesses públicos agradece.

Levi Vasconcelos

Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.

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