Publicado em 03/12/2023 às 18h30.

‘Se não tiver acordo, paciência’, diz Lula, sobre Mercosul e UE

Nesta quinta-feira (7), haverá a reunião de cúpula dos chefes de Estado do Mercosul, no Rio de Janeiro

Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

“Se não tiver acordo, paciência”. Com essa frase, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu neste domingo (3) às declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, que disse neste sábado (2) ser contrário às negociações do acordo entre União Europeia e Mercosul.

Nesta quinta-feira (7), haverá a reunião de cúpula dos chefes de Estado do Mercosul, no Rio de Janeiro. Nos últimos dias, negociadores do bloco sul-americano e da União Europeia intensificaram as tratativas para tentar fechar o acordo até o evento.

Lula comentou que já sabia que a França tinha uma posição mais protecionista e que o Brasil não poderá responsabilizado caso o acordo não seja assinado. “Não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil e que não digam mais que é por conta da América do Sul”, disse Lula neste domingo.

Membros do alto escalão do governo brasileiro já dão como certo que a negociação com a União Europeia terminará sem acordo, já que o Brasil não cederá às novas condicionantes ambientais e é improvável que os europeus consigam articular posições de todos os países do bloco em uma semana.

“Assumam a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão. É sempre ganhar mais. E nós queremos ser tratados com respeito de países independentes. Vamos ver como vai acontecer na sexta-feira [dia 8]. Se não tem acordo, pelo menos vai ficar patenteado de quem é a culpa de não ter acordo”, afirmou Lula.

No sábado, Macron classificou o acordo como “antiquado” e incorporou em seu discurso os argumentos dos produtores agrícolas franceses, com forte representação de congressistas de oposição no país.

“Se não posso explicá-lo a nenhum europeu, não vou defendê-lo internacionalmente. Não posso pedir aos nossos agricultores, aos nossos industriais na França, e em toda a Europa, que façam esforços para descarbonizar, para sair de certos produtos, e depois dizer que estou removendo todas as tarifas para trazer produtos que não aplicam essas regras”, disse o presidente francês, em referência à disparidade de normas de proteção ambiental, mais rígidas na França e na União Europeia do que no Brasil.

Na quinta-feira (30), o Ministério das Relações Exteriores informara que houve avanço significativo na negociações, embora não fosse possível afirmar se esse processo seria concluído até a cúpula do Mercosul.

Porém, segundo a agência Reuters, pessoas com conhecimento das negociações afirmam que os países sul-americanos devem aguardar uma posição da Argentina, que terá a posse de Javier Milei como presidente em 10 de dezembro. Milei já afirmou, durante a campanha eleitoral, ser contrário ao acordo e autoridades europeus não acreditam que ele mudará de posição.

Mais notícias

Este site armazena cookies para coletar informações e melhorar sua experiência de navegação. Gerencie seus cookies ou consulte nossa política.