Publicado em 17/12/2024 às 12h13.

Silêncio de ACM Neto sobre ação da PF é fuga de quem tem um amigo preso, diz Jerônimo

Ex-prefeito é citado como "zero um antigo" por empresário que buscou sua influência para liberação de pagamento na prefeitura; ele vê "apenas inferências"

Alexandre Santos / Carolina Papa
Foto: Carolina Papa/bahia.ba

 

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) voltou a cobrar um posicionamento público do vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, após a prisão de correligionários em uma operação da Polícia Federal que apura supostos desvios de R$ 1,4 bilhão em contratos públicos. Um dos alvos da ação, o empresário Marcos Moura, o “rei do lixo”, usou sua influência com o ex-prefeito para que a gestão do sucessor e afilhado político Bruno Reis (União Brasil) liberasse pagamentos para o consórcio do qual faz parte. A informação foi publicada pelo jornal O Globo e confirmada pelo portal UOL na segunda-feira (16).

A declaração do governador foi dada após ser indagado pelo bahia.ba em uma agenda no bairro do Lobato.

“Eu espero muito que a Justiça possa fazer com que os culpados devolvam dinheiro aos cofres públicos e, além disso, que eles paguem na Justiça todo erro, todo vacilo. Quanto ao ex-prefeito, acho que a Bahia está aguardando um posicionamento dele. Ele fugiu das redes sociais. Os Stories dele [no Instagram] não falam nada. Ele ontem mandou o jornal dele me perguntar sobre a fuga do presídio de Eunápolis, eu respondi”, disse Jerónimp, um dia após questionar o que chamou de “sumiço” do ex-prefeito.

Moura, que integra a cúpula do União Brasil, é acusado de liderar um esquema de fraudes em licitações públicas que envolviam recursos de emendas parlamentares no âmbito da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco).

“É a fuga de quem tem um amigo preso. Ele assumiu que é amigo dele. Nem ele defende, nem ele se posiciona pelo contrário. Ele é favor ou contra? Ele concorda pelo que está sendo denunciado? Ele que prega tanta honestidade. Ele que pega uma ação da polícia forte. Agora a polícia está com um deles na mão. Ele, que critica os presídios, tem gente dele no presídio. Eu gostaria que ele se posicionasse”, afirmou o governo.

ACM Neto não é investigado no inquérito, mas é citado pelo empresário Alex Parente, ligado a Marcos Moura, que o chama de “zero um antigo” num diálogo que buscou sua interferência para a liberação de pagamentos pela prefeitura. O apelido seria uma referência ao período em ACM Neto que comandou o Executivo municipal.

Em uma confraternização do União Brasil na semana passada, ACM Neto admitiu ser “amigo” de Marcos Moura, mas não quis comentar os detalhes da investigação.

De acordo com a PF, Marcos Moura tem empresas na área de limpeza urbana, com contratos em diversas prefeituras da Bahia, incluindo Salvador, onde mantém um contrato de R$ 427 milhões iniciado na gestão do ex-prefeito.  A PF pretende oferecer um acordo de colaboração premiada ao empresário.

Em nota, ACM Neto disse que as investigações não encontraram “qualquer diálogo” seu nem mesmo “citação direta” ao seu nome. “Existem apenas inferências, que, ainda assim, não estão relacionadas a qualquer ato ilícito”, afirmou o ex-prefeito.

Por meio de sua assessoria, a Prefeitura de Salvador disse que o secretário de Educação Thiago Dantas determinou a instauração de uma sindicância administrativa para apurar os fatos relacionados à operação da PF. Ele não foi alvo da ação. Um ex-diretor da pasta preso pela PF foi exonerado no mesmo dia.

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