Publicado em 07/10/2025 às 17h50.

Vereador denuncia esquema de rachadinha na prefeitura de Vera Cruz; entenda

Parlamentar afirma que salários de até R$ 100 mil pagos a procuradora seriam incompatíveis com a realidade do município

André Souza / Raquel Franco
Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

O vereador João do PT denunciou, nesta semana, um possível esquema de rachadinha envolvendo o atual prefeito de Vera Cruz, Igor Pinho (MDB), e a procuradora-geral do município, Itamara Pereira. A acusação foi feita após a rejeição de uma emenda apresentada pelo parlamentar, que buscava limitar os valores pagos a título de honorários advocatícios a procuradora, cujo salário mensal, segundo ele, varia entre R$ 80 mil e R$ 100 mil.

Segundo João, a emenda ao projeto do Refis — programa de refinanciamento de dívidas tributárias — tinha como objetivo impedir que recursos municipais continuassem sendo usados para bancar salários acima do teto constitucional, como o da procuradora Itamara Pereira e até mesmo o do atual prefeito, que, quando ocupava o cargo de procurador do município, teria se beneficiado do mesmo privilégio.

“Vale ressaltar que o atual prefeito da cidade, Igor Pinho, era o antigo procurador do município durante a gestão de Marcus Vinicius (MDB). O procurador, durante todos os 8 anos do ex-prefeito, foi o atual prefeito, entendeu? O atual prefeito, ele era procurador. Ele recebeu esse salário aí durante 8 anos”, afirmou João, em entrevista ao bahia.ba.

O edil sugeriu que a remuneração elevada poderia encobrir um esquema de repasse irregular. “O prefeito está incomodado porque eu não tenho dúvida que isso é rachadinha, já que a atual procuradora recebe entre R$ 80 mil e R$ 100 mil por mês, mora de aluguel e tem um carro financiado de menos de R$ 60 mil. A vida que ela leva não é compatível com o salário que ganha”, declarou.

A votação da emenda, realizada na Câmara Municipal em 30 de setembro, terminou com dez votos contrários e apenas um favorável — o do próprio João do PT. Votaram contra os vereadores Jeovah Família, Elton Castro, Niraldo, Apollo, Val da Caçamba, Fábio Costa, Tatinho, Marquinhos, Olímpio Lima e Ivan Filho. Netto Mola não compareceu à sessão, e o presidente da Câmara, Jorge Rasta, não vota, exceto em caso de empate.

Com a decisão, permanece em vigor apenas o texto original do Executivo, que mantém os descontos em juros e multas das dívidas municipais, sem alterações nos honorários advocatícios.

Com a manutenção da regra atual, o vereador petista ficou isolado na defesa da proposta, alegando que o prefeito articulou para o PL não ser aprovado. “Propus a emenda justamente para matar o mal pela raiz. Mas o prefeito articulou com a base, negociou com cada vereador, e a maioria decidiu manter o esquema como está”, disse.

Procurada, a Prefeitura de Vera Cruz afirmou que não irá se posicionar sobre o caso, sob o argumento de que a gestão municipal não tem competência para decidir sobre o valor dos salários da Procuradoria.

André Souza
Jornalista com experiência nas editorias de esporte e política, com passagens pela Premier League Brasil, Varela Net e Prefeitura Municipal de Laje. Apaixonado por esportes e música, atualmente trabalha como repórter de Política no portal bahia.ba.

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