Publicado em 27/05/2025 às 15h38.

Vereadora denuncia violência política de gênero e raça na Câmara de Salvador

Eliete Paraguassu afirma ter sido alvo de ataque racista e misógino durante sessão sobre o piso dos servidores municipais

Redação
Foto: Antônio Queirós/ CMS

 

A vereadora Eliete Paraguassu (PSOL) denunciou ter sido vítima de violência política de gênero e raça durante a sessão ordinária da Câmara Municipal de Salvador, realizada no último dia 22 de maio. Segundo nota divulgada por sua assessoria nesta terça-feira (27), o episódio ocorreu durante a votação do projeto de lei que trata do piso salarial dos servidores municipais.

De acordo com o relato, o vereador Cláudio Tinoco (União Brasil) teria se dirigido a Eliete de forma agressiva e desrespeitosa, apontando o dedo em sua direção e afirmando que “o lugar dela não era ali”, sugerindo que ela deveria estar entre os servidores que acompanhavam a votação do lado de fora do plenário, e não no espaço reservado aos parlamentares.

A nota classifica a atitude como um ato de racismo, misoginia e elitismo, além de configurar, segundo a Lei 14.192/2021, violência política de gênero — que é definida como qualquer conduta que busca dificultar ou impedir a atuação de mulheres na política, especialmente quando atravessada por marcadores de raça e classe.

“O episódio é um ataque não apenas à vereadora enquanto parlamentar legitimamente eleita, mas também ao povo que ela representa, às comunidades quilombolas, marisqueiras e às mulheres negras”, afirma o comunicado. A assessoria também informa que serão adotadas medidas no âmbito da própria Câmara e junto ao Ministério Público da Bahia.

A vereadora Eliete reafirmou que não se intimidará diante de tentativas de silenciamento. “Não aceitaremos que tentem apagar a presença de corpos negros, periféricos e especialmente de mulheres negras nos espaços de decisão política. O nosso mandato existe justamente para romper essas barreiras”, declarou.

Até o momento, o vereador Cláudio Tinoco não se pronunciou publicamente sobre o episódio.

Confira nota na íntegra: 

A assessoria do mandato da vereadora Eliete Paraguassu (PSOL), mulher negra, marisqueira, quilombola e representante legítima das comunidades tradicionais e da classe trabalhadora na Câmara Municipal de Salvador, vem a público manifestar repúdio ao episódio de violência política de gênero e raça ocorrido durante a sessão ordinária do dia 22 de maio de 2025.

Durante a votação do projeto de lei que trata do piso salarial dos servidores municipais, o vereador Cláudio Tinoco (União Brasil) dirigiu-se à parlamentar de forma desrespeitosa e agressiva, apontando o dedo em sua direção e afirmando que “o lugar dela não era ali”, na sala de votação com os demais vereadores e vereadoras, insinuando que deveria estar entre os servidores e servidoras municipais presentes na parte interna e externa da Casa do Povo, que estavam como cidadãos plenos, exercendo o direito de lutar pelo que é justo.

Tal conduta configura grave desrespeito não apenas à vereadora enquanto parlamentar eleita, mas também ao povo que ela representa e à própria democracia. Trata-se de um caso claro de violência política motivada por racismo, misoginia e elitismo, que não pode ser naturalizado ou ignorado. No país, temos a Lei 14.192, de 2021, que tipifica como violência política toda e qualquer conduta que, por meio de assédio, constrangimento, humilhação, perseguição ou ameaça, vise impedir ou dificultar a participação política da mulher ou o exercício de seus direitos políticos.

Diante da gravidade do ocorrido, o mandato informa que está tomando as providências cabíveis nos âmbitos da Câmara Municipal de Salvador e do Ministério Público da Bahia. Episódios como estes precisam ser denunciados e combatidos, porque, cada vez que uma mulher negra é atacada por ousar ocupar o espaço que é seu por direito, aí sim toda a democracia sangra.

Reiteramos que o mandato da vereadora Eliete Paraguassu, comprometido com a justiça social, racial e de gênero, não se intimidará diante do autoritarismo e do preconceito. Não aceitaremos que tentem silenciar ou apagar a presença de corpos negros e periféricos, especialmente de mulheres negras, nos espaços de decisão política.

Seguiremos firmes, com dignidade e coragem, ao lado do povo de Salvador!

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