Publicado em 24/05/2025 às 18h00.

Vereadora propõe projetos sobre bebês reborn e levanta debate na Câmara de Salvador

Propostas preveem proibição de atendimentos públicos aos bonecos e ações voltadas à saúde mental

Redação
Foto: Reprodução/Redes Sociais

 

A crescente popularidade dos bebês reborn — bonecos hiper-realistas que imitam recém-nascidos — tem ultrapassado as redes sociais e chegado ao Legislativo. Em Salvador, a vereadora Débora Santana (PDT) apresentou dois projetos de lei que abordam diretamente o tema, provocando polêmica e reações distintas.

Um dos projetos propõe proibir o atendimento a bebês reborn nos serviços públicos da capital baiana, inclusive em unidades de saúde. No texto, a vereadora argumenta que os bonecos, por não serem seres vivos, não devem ser incluídos no sistema de atendimento médico — especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Fato é que os ‘bebês reborn’ não são seres vivos, não passam de bonecas, e tem pais dessas bonecas exigindo atendimento médico no serviço de emergência dos hospitais brasileiros, especialmente pelo SUS”, diz um trecho da proposta.

Para a parlamentar, atender esse tipo de demanda representa um uso indevido dos recursos públicos e pode comprometer o atendimento de quem realmente precisa.

“Tal prática coloca em risco a vida de pessoas que realmente necessitam de atendimento emergencial e representa um sério desperdício dos impostos em razão de um pseudo aparato lúdico”, afirma.

Saúde mental em pauta

A segunda proposta apresentada por Débora Santana trata da implantação de um programa de atenção à saúde mental de pessoas que adotam bebês reborn como filhos.

A vereadora reconhece que, em alguns casos, a relação afetiva com os bonecos pode estar ligada a questões emocionais e psicológicas, que demandam acompanhamento especializado.

Inspirado em uma proposta similar da deputada federal Rosângela Moro (União Brasil-SP), o projeto propõe que o acolhimento seja feito por meio do SUS, com foco na orientação, prevenção e tratamento de possíveis transtornos.

Entre os principais pontos da proposta estão:

– Acolhimento e orientação a pessoas que se consideram pais ou mães de bebês reborn, com informações sobre os riscos do uso dos bonecos como substitutos afetivos;
– Acompanhamento psicológico para casos em que houver indícios de dependência emocional, depressão ou outras condições de saúde mental;
– Atuação conjunta com a família, para promover estratégias de reintegração social e fortalecimento dos vínculos reais.

Repercussão

Os projetos ainda serão analisados pelas comissões temáticas da Câmara Municipal de Salvador antes de irem a votação.

As propostas dividem opiniões: enquanto alguns veem um alerta legítimo sobre o uso inadequado de recursos públicos, outros criticam o risco de estigmatizar quem utiliza os bebês reborn como forma de suporte emocional.

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