Publicado em 03/12/2019 às 21h00.

Aumento no preço da carne chega a quase 50% na capital baiana

O quilo do filé mignon foi o que sofreu maior alta: preço passou de R$ 34 para 44

Rayllanna Lima
Foto: Reprodução/Frigorífico do Mané
Foto: Reprodução/Frigorífico do Mané

 

O preço da carne bovina disparou em todo o Brasil, muito por conta do alto índice de exportações para a China. Em um mês, o valor do produto aumentou em quase 50% na capital baiana. Um dos tipos de carne que está escassa na cidade é o filé mignon, que no início de novembro custava em média R$ 34 e, atualmente, sai ao preço de R$ 44.

E a alta pode ser ainda maior nos próximos dias, segundo informou a gerente Carine dos Santos, do Frigorífico do Mané, em Brotas. “Está vindo pouquíssima carne, não está achando para comprar. O filé mignon é o que se acha menos, por isso sofreu impacto maior. De novembro pra cá, o preço da carne bovina já aumentou quatro vezes. A gente não tem como segurar e repassa com aumento”, disse ao bahia.ba.

No estabelecimento, ponta de agulha e cruz machado são os tipos mais procurados. Em um mês, o primeiro passou de R$ 13,99 para R$ 17,99 e o segundo de R$ 14,99 para R$ 18,99. Também procurada, a picanha tradicional subiu de R$ 29,99 para R$ 33,99. “Quarta-feira já deve subir mais o preço. Os clientes estão reclamando muito, procurando outras alternativas. Quem comprava 10 kg, hoje está levando 5 kg e compensando com frango e peixe”, afirmou Carine.

Os recorrentes aumentos têm assustado a população baiana. Com uma confraternização agendada para sexta-feira (6), o policial militar Eder Cruz, 37 anos, tentou antecipar a compra nesta terça-feira (3) para fugir, mas não encontrou estoque suficiente.

“Todo dia um reajuste, a gente fica com medo. Pegou todo mundo de surpresa, ninguém esperava esse comportamento repentino do mercado”, desabafou.

Na análise da comerciante Maria de Fátima, 53, é preciso “dar uma resposta para o governo”, reduzindo o consumo de carne bovina. “Nós somos os próprios culpados, porque quem coloca os governantes lá somos nós. Está caro? Pare de comprar. Tem tanta outra coisa que a gente pode comer. Come frango, ovo, peixe”, afirmou.

Exportações cresceram 45%

Subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão anunciou na segunda-feira (2) que as exportações brasileiras de carne bovina aumentaram 45% em novembro deste ano, no comparativo com igual mês em 2018.

Durante o período de comparação, houve crescimento de US$ 235 milhões no valor das vendas externas. Enquanto no ano passado foi registrado US$ 521 milhões, este ano o valor foi de US$ 756 milhões. “É uma questão de oferta e demanda. Há uma demanda externa aquecida pelo produto. Preços são baseados em cotações internacionais”, disse Brandão.

Em nota oficial divulgada para a imprensa, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informou que está “acompanhando atentamente todas as questões que envolvem o abastecimento do mercado interno”, reforçando que o déficit de proteína na China, provocado pela gripe suína, gerou o aumento nas exportações, o que afetou “toda a cadeia consumidora, chegando até o cliente final que já sente o impacto originado no campo”.

A Abras negou que esteja faltando carne bovina no mercado, mas confirmou que os preços devem subir ainda mais. “Essa tendência deve continuar e é boa para o país, mas o setor supermercadista ressalta que seguirá – assim como sempre fez –  buscando formas para ofertar produtos com valores justos, a manutenção ao processo de negociação com seus fornecedores, a fim de evitar a sobrecarga aos consumidores brasileiros e as oscilações externas de seus domínios”.

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