Publicado em 22/03/2020 às 19h00.

Em meio à pandemia, grupo de psicólogos oferece atendimento online gratuito

Na modalidade "Acolhimento Psicológico”, se dispõem a ouvir cada pessoa por cerca de 30 minutos por meio de ligações ou chamadas de vídeo

Tailane Muniz
Foto: Reprodução/Freepik
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A pandemia do novo coronavírus despertou em um grupo de psicólogos de Salvador o desejo de tornar o cenário de quarentena forçada menos pesado. Àqueles que têm sofrido com o isolamento social, há a possibilidade de entrar em contato com um dos 12 profissionais – todos formados pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP) – e, por até 30 minutos, desabafar as aflições.

O contato é feito, a princípio, via WhatsApp [ver números em card abaixo] e, posteriormente, chamada de áudio ou vídeo. Cada pessoa tem o atendimento limitado a três sessões de acolhimento que, por ora, estão autorizadas até 30 de abril – data estabelecida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), a quem o grupo precisou consultar.

Em pouco mais de 24 horas, desde o início do sábado (21), a equipe prestou 13 atendimentos e 30 outras pessoas estão com horários agendados, afirma a psicóloga clínica Catharine Rosas, uma das profissionais envolvidas. Segundo ela, um dos pontos do Código de Ética da Psicologia defende a prestação de serviço profissional em situações de “calamidade pública” como um dos deveres fundamentais do psicólogo.

Ao bahia.ba, ela acrescenta que o Acolhimento Psicológico, que é uma prática diferente da Psicoterapia, tem a ver com a escuta. É uma intervenção psicológica pontual e breve, diz ela, que tem o objetivo de incentivar o indivíduo a buscar recursos pessoais que o façam lidar de uma forma melhor com o cenário pandêmico.

“A gente parou, mas não foi por vontade própria. Paramos pela obrigação, pela emergência e gravidade da situação. Paramos pelo outro e pelo bem comum. No entanto, estamos acostumados a funcionar de forma acelerada”, diz, em nome da equipe – cujo seis dos profissionais já trabalhavam juntos.

A psicóloga comenta que o fato do isolamento não ter acontecido de modo voluntário – mas em meio à orientação do Ministério da Saúde, além de decretos estaduais e municipais -, potencializa o que chama de “consequências psicológicas”, em maior ou menor intensidade. Embora ainda não haja registro de mortos, o número de casos na capital subiu para 33, de um total de 55 infectados na Bahia.

“Nossa intenção é oferecer acolhimento e escuta qualificada àqueles que precisam. Estamos reclusos, nos ocupamos consumindo conteúdo informativo e, por vezes, fake news a respeito do Covid-19. O que causar terror, agressividade, medo excessivo, estresse, ansiedade e angústia. Estamos diante do incerto”, reflete.

E em uma sociedade de “respostas instantâneas”, onde a velocidade é o princípio que rege a humanidade, continua a psicóloga, o primeiro impacto é a dificuldade que cada um encontra de “desacelerar”.

Foto: Reprodução
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