Publicado em 20/02/2025 às 20h20.

Ex-secretário estadual é denunciado por assédio e violência psicológica contra ex-mulher

James começou a ter atitudes abusivas após o fim do relacionamento, que ocorreu em novembro de 2022

Redação
Foto: Reprodução

 

O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia e da pasta de Indústria, Comércio e Mineração dos governos Jaques Wagner e Rui Costa, ambos do PT, James Correia, foi denunciado pela ex-companheira por assédio sexual, perseguição e violência psicológica após o fim do relacionamento de 15 anos.

O acusado de 66 anos, responde a processo movido pela ex-mulher Magali Viana, de 53 anos, com apoio do Ministério Público, depois de ser indiciado pela Polícia Civil.

James começou a ter atitudes abusivas após o fim do relacionamento, que ocorreu em novembro de 2022. Apesar de separados, o ex-casal decidiu viver no mesmo apartamento no bairro da Vitória, cada um em um quarto.

A denúncia diz que James fez um buraco no quarto que Magali dormia e instalou alguns fios, o que obrigou a ex-mulher a se mudar para outro quarto. O ex-secretário também teria feito cópia das chaves do local, justificando que precisava ter acesso a ele para usar a impressora, mesmo tendo outro equipamento na residência. O objetivo, segundo Magali, era acessar a privacidade dela.

Foto: Reprodução

 

O irmão de Magali contou em depoimento que Magali havia confidenciado que James entrou nu para ter relações sexuais, mas foi embora depois de ser repreendido por ela. Após esse episódio, por medo, ela chegou a dormir na casa do irmão em algumas ocasiões.

No relato, Magali afirmou que foram encontrados dois gravadores de voz atrás da cama em que dormia e que James começou a assediá-la constantemente, enviando fotos, vídeos e e-mails com imagens obscenas.

Nos arquivos anexados ao processo, ela contou as autoridades que passou a receber fotos de si mesma nua. Esses registros foram capturadas por ele sem consentimento dela. “O requerido [James] instalou câmeras de segurança em determinados cômodos da residência do ex-casal (banheiro, quarto), a fim de monitorar a requerente, capturando imagens dela em momentos íntimos”, diz trecho do processo que tramita do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

Posteriormente a ser bloqueado, James passou a enviar mensagens e chegou a pedir que ela o desbloqueasse, prometendo que se comportaria. Também houve mensagem de ameaças, afirmando que ele iria bloquear os cartões de crédito e débito na conta conjunta que tinham, o que chegou a concretizar tempos depois.

Foto: Reprodução

 

Em outro episódio, após sair do apartamento, James passou a rondar o condomínio e frequentar a academia do local. Magali, conforme a denúncia, afirmou que a intenção de James era intimidá-la. “Em nova escalada de perseguição, o Requerido [James] tem realizado ameaças de invadir o apartamento em que a Sra. Magali reside, estipulando prazo para recebimento das chaves do apartamento, sob pena de chamar chaveiro para trocar as fechaduras”, segue o documento.

A advogada de Magali solicitou medida protetiva de urgência para Magali, que foi concedida pela Justiça. No pedido, a defesa alegou que a cliente sofreu violência de cunho moral, psicológico, sexual e patrimonial.

Defesa se pronuncia

Em pronunciamento, a defesa de James Silva disse que o ex-secretário recebeu com “tristeza e decepção” as denúncias feitas pela ex-companheira. A intenção dela, “foi e é, única e exclusivamente, de retaliar e constranger o ora requerente [James] por não ter obtido vantagens patrimoniais numa tentativa de obter, na separação de fato, uma partilha ilegal e indevida”, escreveu, de acordo com o Jornal CORREIO.

Algumas acusações foram negadas por James Silva, mas ele admitiu que enviou fotos de si mesmo nu, mas apenas porque ambos mantinham relações sexuais, mesmo após a separação.

A defesa também negou que James é autor de qualquer tipo de violência contra a ex-mulher. “O requerido [James] nunca teve obsessão ou pretendeu ‘manter controle e vigilância sobre a Requerente [Magali]’, que, na condição de mulher independente e autônoma, tanto pessoal e psicologicamente, quanto economicamente, podia fazer e fez o que bem quisesse, saindo quando queria ou quis e fazendo o que sempre desejou fazer, sem qualquer coarctação [impedimento de JAMES”, disse.

Em relação ao caso, a delegada Maraci Menezes Lima, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), decidiu pelo indiciamento de James Silva.

“As fotos apresentadas, pelo ângulo que foram tiradas, demonstram que Magali não sabia que estava sendo fotografada. Importante lembrar que mesmo advertido por Magali, em 25/11/2022, informando-o que não queria receber fotos íntimas dele, James continuou a encaminhá-las, assim como e-mails com conotação erótica, demonstrando assim um dolo em desestabilizar emocionalmente Magali”, diz trecho da decisão.

Agora, o Ministério Público da Bahia solicitou a abertura de um processo criminal contra James. O intuito do processo é ouvir testemunhas, fazer o interrogatório do réu e obter a condenação do ex-secretário pelos crimes cometidos.

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