Publicado em 21/03/2025 às 16h27.

Ferryboat fora de operação é afundado para abrigar espécies marinhas

Estrutura naufragada servirá como habitat para diversas espécies marinhas e favorecerá estudos científicos, que estão sendo realizados pelo governo baiano

Redação
Foto: Matheus Landim/GOVBA

 

O ferryboat Juracy Magalhães, que operou por quase 46 anos na travessia Salvador-Itaparica, foi afundado de forma controlada, nesta sexta-feira (21), para a criação de um recife artificial marinho no Rio Vermelho, em Salvador. Ação conjunta da Secretaria do Turismo (Setur) com o Inema e a Marinha do Brasil, a embarcação foi inspecionada para remoção de possíveis espécies invasoras e adaptada para mitigação dos impactos ambientais.

Um dos biólogos do Inema, Marcelo Peres explicou que, após a operação, em apenas um ano o ferry será tomado por corais e espécies marinhas de todo tipo. “Fizemos os estudos prévios de sedimentos, de biodiversidade do local, onde poderia ocorrer o afundamento e, posteriormente, fizemos quatro vistorias para que não haja nenhum tipo de resíduo que possa trazer algum impacto negativo para o meio ambiente. Então, foram quatro inspeções, a gente avaliou também a presença de espécies invasoras e nossa expectativa é bem positiva para a biodiversidade e para o turismo do Estado”, dividiu.

A estrutura naufragada servirá como habitat para diversas espécies marinhas e favorecerá estudos científicos, que estão sendo realizados pelo governo baiano desde os primeiros afundamentos controlados do ferry Agenor Gordilho e de um navio de reboque, realizados em novembro de 2020. O secretário do Turismo, Maurício Bacelar, destacou que cerca de nove embarcações já foram naufragadas em áreas próximas à costa de Salvador e na Baía de Todos-os-Santos, mas que a submersão controlada tem a característica de compensação ambiental.

“Nós temos naufrágios registrados por acidentes, pelas guerras da Independência da Bahia, do século XIX, mas queremos com os afundamentos planejados transformar Salvador no maior parque de turismo de mergulho do mundo urbano. As nossas embarcações afundadas estão muito perto do litoral, o que possibilita que mergulhadores amadores possam, em pouco tempo, sendo treinados, ter essa experiência”, contou sobre o impacto no turismo para a capital.

A embarcação tem aproximadamente 800 toneladas e 71 metros de comprimento. A estrutura foi afundada a quatro quilômetros da costa e a 30 metros de profundidade na região do Largo da Mariquita. À frente de uma empresa de mergulho, Tania Corrêa conta como a experiência com o ferry Agenor Gordilho tem repercutido no turismo náutico desde 2020.

“Um recife artificial é um aglutinador, uma casa para os animais marinhos. Então, o Agenor Gordilho, mesmo, está todo coberto de corais hoje. No mergulho encontramos alguns animais que são ameaçados de extinção. Isso é muito importante para a natureza e para o turismo. Você dá um upgrade no turismo local, mergulhadores de todo mundo vêm mergulhar em naufragios que só existem aqui”, enfatizou a empresária, que também é instrutora de mergulho há 25 anos.

Segundo a Setur-BA, o turismo náutico e de mergulho têm se consolidado como segmentos no turismo. Desde a última ação, em 2020, ocorreu um aumento de cerca de 435% na procura por atividades de mergulho, em comparação com a temporada anterior à pandemia.

Sobre o ferry

O ferry Juracy Magalhães começou a operar em 5 de dezembro de 1972, realizando a travessia Salvador-Itaparica, até ser retirado de circulação em 16 de novembro de 2018.

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