Publicado em 26/05/2024 às 10h00.

Ialorixá denuncia intolerância religiosa em salão dentro de shopping: Não vou me calar

Mãe Iara de Oxum prestou queixa na 12ª Delegacia Territorial, em Itapuã, e promoveu um xirê (dança para cultuar os Orixás) em frente ao estabelecimento

Redação
Foto: Instagram/Print Vídeo (@maeiaradeoxum)

 

A ialorixá Mãe Iara de Oxum, idealizadora da Caminhada da Pedra de Xangô, no bairro de Cajazeiras, denunciou as redes sociais que foi vítima de intolerância religiosa em salão de beleza no Salvador Norte Shopping, situado em São Cristóvão.

Mãe Iara de Oxum, que usa a sua conta nas redes sociais para disseminar informações sobre a sua religião, o candomblé, afirmou que o caso aconteceu quando ela foi tentar fazer as unhas e, dentro do estabelecimento, uma manicure teria se negado a realizar o procedimento devido aos trajes da ialorixá, que na ocasião, estava com roupas brancas e por ser candomblecista.

“Aos 57 anos, eu, uma mãe de família, ainda tenho que me prestar a esse papel na delegacia, contra pessoas. No Shopping Norte, eu fui fazer a unha e ela disse: ‘eu que não atendo esse povo’. Por que eu estou de branco? Sexta-feira? E eu não vou me calar. Intolerância religiosa nunca mais”, disse na gravação na frente da 12ª Delegacia Territorial, em Itapuã.

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Além de prestar queixa contra a profissional, Mãe Iara de Oxum retornou ao shopping no sábado (25) junto com os seus filhos de santo e promoveu um xirê (dança para cultuar os Orixás) em frente ao estabelecimento. Em seguida, houve gritos de protesto como: ‘racistas’, ‘Acorda, povo preto’.

“Eu fui humilhada, chorei. Mexeu com a pessoa errada. Sou uma mulher preta, empoderada. Sofri intolerância religiosa, racismo. Não aceito isso”, disse em vídeo.

A secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), comandada pela secretária Ângela Guimarães, por meio de uma nota, informou que acionou a Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa do Estado da Bahia e se colocou à disposição para atender a ialorixá.

“Inicialmente, foi realizado um contato telefônico com Mãe Iara. Na segunda-feira, dia 27, a líder religiosa será atendida pela Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid), da Polícia Civil. Na terça-feira, às 14h, Mãe Iara será atendia pelo Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, equipamento da SEPROMI, que vai realizar os encaminhamentos necessários e acompanhar o caso.”

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