Publicado em 21/03/2025 às 14h02.

Líder da oposição diz que PDDU precisa frear especulação na orla e chama leilão de obscuro

Vereadora Aladilce Souza (PCdoB) afirma temer que gestão Bruno Reis (União Brasil) avance na venda de áreas verdes antes da revisão do documento

Alexandre Santos
Foto: Matheus Morais/bahia.ba

 

A líder da oposição na Câmara de Vereadores, Aladilce Souza (PCdoB), afirmou que a revisão do PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) de Salvador precisa contemplar diretrizes para “frear” o avanço da especulação imobiliária e proteger as áreas verdes da cidade. O plano, que deveria ser revisto pelo Legislativo no ano passado, ainda não foi encaminhado pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil).

Conforme um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado entre a prefeitura e o Ministério Público da Bahia, as alterações do novo documento serão discutidas sob o aval de entidades das áreas de arquitetura, urbanismo e do próprio MP. “O PDDU tem que ser revisto esse ano. Mas ele [Bruno Reis] não tem um prazo para mandar o projeto”, declarou Aladilce ao bahia.ba.

“Nos outros anos, a prefeitura contratou empresas de fora, de São Paulo, do Rio, que não conhecem a realidade da cidade. Eles levantam dados que não têm nada a ver com nossa cidade exatamente para atender interesse de determinados segmentos. Nós já tivemos essa experiência antes. Quando o projeto vem para a Câmara, já vem assim, com prazos definidos para aprovar”, declarou a vereadora.

Segundo Aladilce, apesar de reiterados pedidos, a gestão municipal não torna público o número de áreas verdes que já foram vendidas. “Nós estamos fazendo um levantamento de quantas áreas verdes a prefeitura já vendeu. Nós temos o mapa do período de ACM Neto [ex-prefeito] para cá. E é muita coisa. Temos que discutir tudo isso antes de o projeto vir. Quando o projeto vem, já vem para atender interesses específicos”, diz a vereadora.

Entre as brechas da atual versão do documento está a permissão para construção de espigões à beira-mar.

Aladilce cita como exemplo uma encosta no Morro Ipiranga, na orla, arrematada por R$ 16 milhões em um leilão posteriormente cancelado.

O espaço, entre o Cristo da Barra e o Clube Espanhol, dará lugar a um empreendimento imobiliário ou comercial de alto padrão. Ao justificar a transação, Bruno Reis disse que o terreno “não serve para nada” porque não gera arrecadação.

Para Aladilce, o cancelamento do certame é algo “obscuro” e sem transparência. “A gente pede as informações na prefeitura, eles não mandam. Já há vários ofícios pedindo esse processo desse leilão, e não recebemos resposta. E fica por isso mesmo.”

De acordo com a vereadora, há o temor de que outras negociações avancem antes da correção do futuro PDDU. “Quando o PDDU chegar, pelo menos uma grande parte dos interesses já foi. A orla não pode virar uma cortina de concreto.”

 

 

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