Publicado em 10/05/2024 às 12h48.

Moradores denunciam ação policial na Gamboa

Tiroteio paralisou obras do programa Morar Melhor e quase atingiu trabalhadores

Redação
Foto: Divulgação/Polícia Militar

 

Um tiroteio no fim da manhã de quarta-feira (8) paralisou as obras de requalificação do programa Morar Melhor. De acordo com moradores, enquanto pedreiros, trabalhavam em uma das residências, policiais que estavam posicionados na balaustrada da Avenida Contorno atiraram em direção à comunidade. Segundo matéria do Correio da Bahia, uma cápsula de bala de Fuzil 5.56 que, segundo a comunidade, seria remanescente de uma das balas disparadas na ocorrência, foi encontrada no local. Não há confirmação oficial.

Ana Caminha, líder comunitária da Gamboa, relatou a ação desta quarta, ela acrescenta que, em menos de 30 dias, houve três registros de abordagens truculentas da polícia nas imediações e, desta vez, trabalhadores correram risco de ser baleados.

“Entre o mês passado e esse mês de agora, a gente já teve três ocorrências de polícia entrando violentamente. Ontem, por volta de umas 11h, os policiais estiveram na Avenida Contorno para fazer manutenção nas câmeras que foram postas aí. Nesse trabalho, eles simplesmente agiram da forma mais truculenta como agem sempre na comunidade: deram três tiros para dentro da Gamboa. Tinha um pessoal do Morar Melhor que estava fazendo serviço e a bala bateu na casa onde estavam trabalhando”, denuncia a líder comunitária. A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) foi procurada para confirmar o caso. Em resposta, a corporação afirmou que, de acordo com informações do Comando de Policiamento Regional da Capital (CPRC) Baía de Todos-os-Santos, não há qualquer registro de ocorrência desta natureza.

O Morar Melhor é um programa de revitalização de casas em condições precárias. As obras são de responsabilidade da Secretaria de Infraestrutura de Salvador (Seinfra), que conta com empresas terceirizadas para realizá-las. A Seinfra foi procurada para confirmar a ocorrência com os trabalhadores no bairro. No entanto, a pasta não respondeu até o fechamento da reportagem.
Os mesmos também se recusaram a comentar a situação com a equipe do Correio, mas confirmaram a ocorrência da quarta e as outras duas citadas por Ana. “A gente não quer se prejudicar, mas tem esse problema mesmo. A primeira vez, aconteceu com uns trabalhadores e tinha uma menina, que ficou desesperada. Na outra, eles abordaram uns meninos que estavam trabalhando aqui, já batendo”, fala um operário, sem se identificar.

Em entrevista ao Correio da Bahia, Mônica Barreto, 40 anos, moradora da Gamboa dá mais detalhes do caso. “Na vez dessa menina, eu que dei abrigo a ela. Estava chorando e gritando por conta de uma ação deles, que chegam sempre dessa forma, sem respeitar quem mora e até quem está trabalhando. Isso é repetitivo aqui na Gamboa. Antes dela, teve uma situação com um menino que teve que gritar que era trabalhador porque eles descem com tudo. Nós não somos contra a entrada da polícia, eles têm que fazer o trabalho deles, mas precisam saber descer onde mora muita gente de bem, tem mãe de família e criança”, relata.

Ainda segundo Mônica, a trabalhadora segue na Gamboa, mas na época precisou se afastar por 10 dias por estar abalada com a situação. “Ela pegou a licença, mas voltou. Outros funcionários não fizeram a mesma coisa, porque não querem correr o risco de morrer a qualquer hora dessas. Então, prejudica a gente com risco de morrer e interrompendo obras que são boas para a comunidade”, diz.

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