‘Parece carne de boi. Ó paí, véi, que viagem’: baleia vira churrasco em Coutos
Moradores recolheram partes do mamífero que encalhou na orla do bairro; consumo pode levar à morte, diz especialista

Enquanto agentes de limpeza urbana de Salvador removiam a carcaça de uma baleia jubarte que encalhou na última sexta-feira (30), na orla de Coutos, moradores da região não perderam tempo diante da ‘novidade’ de 15 metros de comprimento e 39 toneladas: munidos de facões, retalharam o corpo do mamífero e levaram o que puderam para casa.
“Fazer churrasco agora. Parece carne de boi mesmo”, descreveu um homem que aparece em um vídeo manuseando o cardápio que prepararia dali a instantes à mesa de um bar.
Já em outra filmagem, alguém que não aparece na imagem mostra a carne da baleia fatiada em bifes sobre um vasilhame. “A carne da baleia. Vai ter churrasco agora. Se ‘aprochega'”, diz. “Parece carne de boi mesmo. ‘Ó paí’, ‘véi’, que viagem.”
Até a publicação do texto, a Vigilância Sanitária e Zoonoses do subúrbio ferroviário não havia registrado de casos de intoxicação alimentar por ingestão do mamífero.
Há risco de intoxicação, diz especialista
Mas, afinal, consumir carne de baleia oferece perigos à saúde? A resposta é sim. Além de tal violação ser configurada como crime ambiental, há risco de contaminação por bactérias que, em muitos casos, pode levar à morte, segundo especialista ouvido pelo bahia.ba.
“A carne apodrece, o que significa que fica com germes que produzem substâncias capazes de dar diarreia, vômitos etc. O mais comum é uma bactéria chamada Clostridium. Ela tem uma toxina que também induz à diarreia em churrascos, por exemplo. Outras bactérias podem também provocar quadros semelhantes. Pode vir ao óbito sobretudo se for criança ou idoso, que sofre mais com a desidratação. Ou se já for doente, como diabético”, explica o gastroenterologista Jorge Guedes, do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, o Hospital das Clínicas, na capital baiana.
O especialista diz que, ainda que a carne esteja aparentemente saudável, sua ingestão deve ser evitada. “Mesmo parecendo saudável, a bactéria já proliferou e produziu a toxina. Não se trata de um veneno da baleia. Mesmo cozinhando a carne, algumas toxinas permanecem.”
Segundo Guedes, os sintomas de uma possível intoxicação podem surgir cerca de 12 horas após o consumo. Entre eles, vômitos, falta de apetite, enjoos, cólicas e diarreia.
“[Os sintomas] Duram até dois dias e podem desidratar. Febre não é comum”, diz.
De acordo com o gastroenterologista, ao sinal do primeiro sintoma o ideal é procurar um médico. “Também deve-se beber água de coco, sucos, sobretudo se estiver com diarreia.”
Consumir carne de baleia é crime ambiental
Ao bahia.ba, a bióloga Luena Fernandes, do Instituto Baleia Jubarte, diz que tanto o consumo de carne de baleia quanto a captura do animal são vedados pela Lei nº 9.605/98 -que dispõe sobre sanções penais e administrativas decorrentes de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
“A baleia é um animal da fauna silvestre, que vive em rota migratória. Não é permitido o seu consumo, seja vivo ou morto”, assinala.
“Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente”, afirma a bióloga, citando o capítulo 5º da legislação de proteção ambiental.
Sobre as situações de encalhe de baleias, Luena Fernandez afirma que a população deve evitar qualquer tipo de aproximação. “Isso só pode ser feito por profissionais, que contam com equipamentos de proteção, como respirador, roupas especiais, dentre outros itens.”
Remoção de carcaça durou três dias
A operação para a remoção dos restos mortais da baleia jubarte durou exatos três dias. Em nota, a Limpurb informou ter finalizado os trabalhos somente na noite de segunda (2). Foram retirados do local do encalhe, segundo o órgão, o total de 28.930 quilos [cerca de 29 toneladas] do material em decomposição —encaminhados posteriormente para um aterro sanitário.
Para que a operação fosse concluída seguindo o protocolo de remoção do Instituto Baleia Jubarte, a solução foi rebocar os restos do animal morto para uma praia próxima, com o uso de um barco.
“O novo local permitiu o acesso dos equipamentos necessários para a total remoção dos restos da carcaça. Foram utilizados uma retroescavadeira, dois caminhões, duas caçambas, um munck (veículo com guindaste) e dois contêineres de 20 metros cúbicos”, afirma a Limpurb, que diz ter usado 120 mil litros de água e 240 litros de sabão aromatizante para limpar as duas praias.
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