Prefeitura implanta iluminação especial nas áreas de desova de tartarugas marinhas
Iniciativa acontece em parceria com o Projeto Tamar para garantir a segurança dos animais

Para garantir a segurança das tartarugas marinhas que costumam desovar nas praias de Salvador, a Prefeitura está instalando 976 luminárias especiais na orla marítima da cidade, no trecho entre Itapuã e Ipitanga.
Os aparatos possuem tecnologias como projetores com temperatura de cor quente, puxado para o amarelo, e anteparos que direcionam o fluxo luminoso apenas para uma área delimitada, evitando que os animais confundam a iluminação artificial com a luz natural da lua, prevenindo que eles se desloquem para o perímetro urbano durante a noite.
A iniciativa, realizada pela Diretoria de Serviços de Iluminação Pública (Dsip), terá a gestão e o acompanhamento do Projeto Tamar, em parceria com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
Este trecho da orla marítima é reconhecido como ponto de desova das tartarugas marinhas, e é considerada uma área de preservação ambiental. A ação também ocorre em parceria com a Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-Estar e Proteção Animal (Secis).
Conforme explica o diretor da Dsip, Ângelo Magalhães, a intervenção luminotécnica é indispensável para a sobrevivência desses animais.
“Este é um compromisso com a preservação das tartarugas marinhas e com a harmonia entre a iluminação urbana e a natureza. Estamos falando de um trabalho cuidadoso, que leva em conta diversas normas técnicas e prioriza a segurança das pessoas e da vida marinha. Proteger as tartarugas é proteger o nosso ecossistema e o futuro das gerações que virão”, afirma.
Representante do Projeto Tamar junto à iniciativa, a bióloga Nathalia Berchieri, coordena uma pesquisa sobre o tema. Para ela, a readequação da iluminação entre o Farol de Itapuã e Ipitanga — área considerada prioritária para a conservação das tartarugas marinhas em Salvador, conforme o Ministério do Meio Ambiente — atende a uma recomendação do ICMBio, órgão responsável por regulamentar as atividades nas áreas de desova.
“O objetivo é iluminar apenas o necessário aos moradores e usuários da via pública, sem comprometer o ciclo de vida das tartarugas, que ocorre principalmente à noite. As tartarugas marinhas são extremamente sensíveis à luz artificial. A iluminação inadequada pode afugentar fêmeas no momento da desova e desorientar filhotes recém nascidos, impedindo que encontrem o caminho até o mar. Por isso, a Portaria nº11/1995, do IBAMA, proíbe qualquer iluminação direta ou indireta nas praias de desova em todo o país. Vale destacar a importância da Bahia — especialmente o litoral norte — para a conservação dessas espécies ameaçadas”, afirma a bióloga.
Segundo a bióloga, a iluminação, seja pública ou privada, quando mal direcionada ou com temperatura de cor inadequada, pode comprometer o processo de desova.
“Fêmeas podem evitar o local para desovar, e os filhotes que nascem acabam desorientados. Isso ocorre porque eles se orientam pela luminosidade natural do horizonte sobre o mar, especialmente pelo brilho das ondas. Quando há uma fonte artificial vinda da direção oposta, os filhotes desviam sua rota, permanecem na areia e se tornam vulneráveis à predação, desidratação ou atropelamentos, principalmente em vias públicas próximas. Dessa forma, pelo fato de a iluminação convencional ser muito intensa, e por vezes direcionada à praia e com grande concentração de luz azul na sua composição, este se torna um dos grandes fatores que causam a desorientação”.
Cuidados
Ainda de acordo com Nathalia Berchieri, alguns cuidados podem ser tomados no intuito de garantir que os animais marinhos não sejam afetados. No que diz respeito à iluminação, a bióloga do Projeto Tamar afirma que é preciso repensar a cultura do uso indiscriminado da luz. Segundo ela, o primeiro passo é se perguntar: “O que eu preciso, de fato, iluminar?”
Em áreas de desova, o uso da luz deve seguir normas municipais, estaduais e federais, justamente para garantir que essas espécies ameaçadas tenham um ambiente propício para completar seu ciclo de vida.
“É necessário um bom projeto luminotécnico, com profissionais sensíveis à questão ambiental. Muitas vezes, vemos holofotes voltados diretamente para a praia, o que prejudica tanto a fauna quanto a própria percepção da segurança, do mar e do céu”, afirma Nathalia Berchieri.
Números
A Fundação Projeto Tamar monitora as praias de Salvador desde os anos 80. Nesse período, o número de ninhos tem aumentado significativamente. Na última temporada reprodutiva, foram registrados recordes de desovas e de filhotes liberados ao mar, com mais de 250 ninhos e cerca de 20 mil filhotes apenas na capital baiana.
De acordo com Nathalia Berchieri, esses números refletem um processo gradual de recuperação das populações de tartarugas marinhas — lembrando que se trata de animais de ciclo de vida longo, cujas fêmeas iniciam a reprodução apenas entre os 20 e 30 anos de idade, dependendo da espécie. Segundo ela, Salvador tem se mostrado um local cada vez mais relevante para a conservação dessas espécies.
Caso encontre tartarugas ou outros animais marinhos nas praias soteropolitanas, o cidadão deve entrar em contato com o Projeto Tamar, pelos telefones (71) 99979-0392 ou (71) 3676-1045, para que sejam orientados sobre os procedimentos adequados para cada caso.
Além disso, é possível contatar a Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa), ou com o Grupo Especial de Proteção Ambiental (GEPA), da Guarda Civil Municipal (GCM), órgãos parceiros e que contam com efetivo especializado em resgates de encalhes, filhotes e ovos.
Recomendações
A Fundação Projeto Tamar é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que atua há mais de 40 anos na proteção das tartarugas marinhas em mais de 1.100 km do litoral do Brasil, por meio de ações de pesquisa, conservação, educação ambiental e inclusão social. Tartarugas são espécies de bandeira: ao protegê-las, também garante-se a conservação de todo o ecossistema costeiro e marinho.
Dentre as principais recomendações para quem encontrar um animal marinho é nunca tocar ou mexer. Esse é o caso de uma tartaruga desovando, pois ela pode se assustar e abandonar o ninho. Esses animais são protegidos por lei — a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998, Art. 29), que proíbe capturar ou mesmo tocar em tartarugas marinhas sem a devida autorização.
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