Publicado em 23/01/2025 às 14h56.

Salvador é capital com maior número de mortes violentas de pessoas LGBTQIA+

No total, capital baiana registrou 14 incidentes em 2024

Redação
Foto: Pixabay

 

Salvador liderou, em 2024, o número de mortes violentas de pessoas LGBTQIA+. A pesquisa do Observatório de Mortes Violentas de LGBT+ analisou as capitais brasileiras e informou que 14 casos foram registrados na cidade. O levantamento é realizado anualmente há 45 anos pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).

Os números são alarmantes por conta da discrepância quando comparada a São Paulo, que contabilizou 13 mortes em uma população de quase 12 milhões de habitantes, enquanto Salvador, com 2,4 milhões de habitantes segundo o Censo 2022 do IBGE, teve um índice maior proporcionalmente.

Posicionamentos

Luiz Mott, antropólogo e fundador do GGB, aponta que a capital baiana lidera o ranking devido à falta de políticas públicas para garantir a segurança da comunidade LGBTQIA+. “Os bares, boates e saunas, seja no Centro, na Barra ou no Rio Vermelho, deveriam ter sempre um aparato policial nas proximidades, porque há vítimas fáceis ali”, afirma.

Já Horácio Hastenreiter, professor e coordenador do Mestrado em Segurança Pública, Justiça e Cidadania da Ufba, acredita que os crimes contra a população LGBTQIA+ refletem a cultura de violência enraizada no Brasil.

“Aqui, a gente tende a resolver os problemas conflituosos na base do homicídio, e isso se reflete também na comunidade LGBT. Isso vale para brigas de trânsito, desavenças políticas, desentendimentos entre facções e preconceito contra minorias”, destaca.

O publicitário Roberto Júnior, 31 anos, relata como essa violência impacta sua vida. “Em ônibus, por exemplo, não consigo ficar de mão dada. No centro da cidade e em alguns lugares pouco movimentados, não me sinto à vontade e tenho medo de violências”, conta.

Para Luiz Mott, o enfrentamento à LGBTfobia em Salvador – e no Brasil – deve passar por medidas educativas que promovam o respeito à diversidade nas escolas, além do fortalecimento do sistema de justiça para punir os agressores e incentivar as denúncias.

Centro de Referência LGBTQIA+

No âmbito municipal, a Secretaria da Reparação (Semur) informa que atua por meio do Centro Municipal de Referência LGBT+ Vida Bruno, localizado no Rio Vermelho, oferecendo atendimento e assistência à comunidade LGBTQIA+.

Durante o Carnaval, a pasta também opera o Observatório de Discriminação Racial, LGBT e Violência Contra Mulher, que monitora e registra ocorrências contra esses grupos. Na última edição, foram registrados 4.635 casos no sistema do programa.

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