Publicado em 05/11/2015 às 06h00.

Novembro Azul: agora é a vez da saúde do homem

Campanha busca alertar a população masculina sobre prevenção do câncer de próstata, doença responsável por 12 mil mortes ao ano

Juliana Dias
Campanha alerta: novembro é mês de prevenção ao câncer da próstata
Campanha alerta: em novembro, homem que é homem deixa o machismo de lado e faz o exame da próstata

 

Se outubro é o mês de atenção às mulheres para a prevenção do câncer de mama, o penúltimo mês do ano é dos homens com o Novembro Azul. Inspirada pelo Outubro Rosa, a campanha busca alertar a população masculina sobre o câncer de próstata, que anualmente apresenta cerca de 70 mil novos casos no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer. Em Salvador, para incentivar o cuidado e a prevenção da doença, o Núcleo de Urologia do Hospital da Bahia vai ofereceu ontem 100 consultas urológicas e exames clínicos laboratoriais gratuitos no Hospital das Clínicas, no Ambulatório Magalhães Neto, setor de urologia. As inscrições devem ser realizadas através do telefone (71) 3014-0675.

A principal forma de prevenção ao câncer de próstata é a avaliação médica preventiva e periódica, segundo o professor adjunto de Urologia da Ufba e coordenador do núcleo, Juarez Andrade. “O diagnóstico precoce é extremamente importante porque conseguimos curar cerca de 95% dos homens na fase inicial da doença, quando ela ainda esta restrita à glândula. À medida que a doença já está disseminada, a possibilidade de cura cai para zero”, destaca.

A campanha nacional surge devido ao atual quadro de incidência no país do câncer de próstata, responsável pela morte de 12 mil homens por ano e a segunda causa de óbitos no sexo masculino. O urologista explica que o câncer de próstata é uma doença assintomática e silenciosa na fase inicial e, por isso, o diagnóstico precoce aumenta potencialmente as chances de cura. Os indícios da doença, como dor, dificuldade para urinar e perda de peso, só aparecem na fase avançada, ou seja, quando o tumor já está disseminado em outras áreas do corpo.

Humor – Outra ação que integra a programação do Novembro Azul ocorre no dia 11 (quarta-feira), às 20h, na praça do Hospital da Bahia (Stiep), com a apresentação do personagem Doutor Renato Piaba, com entrada gratuita. O humor, segundo conta Juarez Andrade, será o chamariz para alertar os homens acima de 40 anos sobre a importância da realização do check-up regularmente.

O quadro da doença se apresenta ainda mais agravante e incidente nos homens negros. Segundo o urologista Juarez Andrade, o comportamento biológico do câncer de próstata no homem negro é mais agressivo e mais veloz, atingindo pacientes mais jovens, na faixa dos 30 anos, o que pode levar ao diagnóstico em estágio já avançado. A média geral de idade para a incidência da doença é entre 45 a 65 anos e cerca de seis em cada dez casos são diagnosticados em homens com mais de 65 anos. Embora os negros tenham o dobro da probabilidade de morrer de câncer de próstata em relação aos brancos, no país ainda não há um programa específico que atenda a essa parcela da população mais vulnerável à doença.

“Com saúde não se brinca, estigma tem que acabar”

Seu Carlos é do tipo que não brinca com saúde, desde os 50 anos inseriu a rotina de ir ao urologista em seu check-up anual. Mas, por “coisas da vida”, como ele mesmo diz, ficou um ano sem fazer o exame da próstata e, no ano seguinte, recebeu uma notícia amarga. “Foi uma péssima surpresa, relaxei um pouco e quando fiz o PSA (Antígeno Prostático Específico), exame sanguíneo capaz de apontar alterações na taxa de uma proteína, deu uma alteração, que foi confirmada pelo exame de toque retal e pela biópsia”, conta o servidor público aposentado, de 69 anos.

Apesar do susto, seu Carlos encarou o desafio com otimismo, fez a cirurgia de retirada do tumor maligno e passou por um tratamento radioterápico, tudo na rede privada de saúde. “O pós-cirúrgico é delicado, pois você fica com uma sonda urinária por um mês, tem que ficar em repouso e ter muitos cuidados com alimentação e medicação, mas é tudo em nome da saúde, da vida”, considera.

A cirurgia foi em 2013. De lá para cá, Carlos mantém o bom humor e o otimismo nos acompanhamentos que faz a cada três meses para receber os medicamentos que impedem seu organismo de produzir testosterona e diminuem o risco de a doença voltar. Quanto à resistência (motivada principalmente pelo machismo) em fazer os exames que podem diagnosticar o câncer de próstata precocemente, ele é categórico em afirmar que “com saúde não se brinca, esse estigma tem que acabar”.

Colaborou Rebeca Bastos

 

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