Publicado em 02/02/2021 às 10h07.

Tradição na capital, termo Festa de Iemanjá já foi censurado em divulgação da Prefeitura

Na época da polêmica, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) recomendou à Prefeitura de Salvador que retirasse de circulação as peças ou incluísse o nome de Iemanjá

Redação
Foto: Valter Pontes/Secom
Foto: Valter Pontes/Secom

 

Tradição na capital baiana e reconhecida como Patrimônio Histórico de Salvador, os festejos dedicados a Rainha do Mar, que é responsável por atrair diversos turistas para a cidade durante o começo de fevereiro, já chegou a ter o termo ‘Festa de Iemanjá’ censurado pela Prefeitura de Salvador em 2019.

Na ocasião, a data, que segundo registros históricos começou a ser celebrada em 1923 e ao longo dos anos se transformou em uma grande festa com a união do sagrado e do profano, passou a ser chamada apenas de ‘2 de fevereiro’, nas peças publicitárias da Prefeitura de Salvador, sem fazer menção a anfitriã da festa, Iemanjá.

Além da ausência do nome, a imagem de Iemanjá também não aparecia na peça publicitária, apenas flores brancas, um colar de Ghandy e as cores azul e branco, que são associadas ao orixá.

A situação movimentou as redes sociais e grupos chegaram a prometer protestos, caso a Prefeitura, que foi acusada de racismo religioso, não modificasse a publicidade.

“Festa de Iemanjá, única festa popular com raízes Matriz Africana, tem nome omitido pela Prefeitura de Salvador. As invisibilidade e o silenciamento dadas aos africanos reforçam e reproduzem o racismo religioso”.

Foto: Prefeitura de Salvador/ Twitter
Foto: Prefeitura de Salvador/ Twitter

 

Na época da polêmica, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) recomendou à Prefeitura de Salvador que retirasse de circulação, ou complementasse as peças publicitárias impressas e divulgadas ao redor da cidade, com a inclusão do nome.

De acordo com a promotora de Justiça Lívia Sant’Anna Vaz, a festa, a situação além de descaracterizar a celebração poderia gerar prejuízos à preservação do patrimônio cultural e histórico dos povos de terreiro e de religiões afro-brasileiras.

“Cabe ao poder público, portanto, preservar e garantir a integridade, respeitabilidade e a permanência dos valores da tradicional manifestação cultural e religiosa”.

Após uma reunião com o MP-BA, as secretarias de Comunicação Municipal (Secom), de Cultura e Turismo (Secult) e a Empresa Salvador Turismo (Saltur), assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), se comprometendo a utilizar o nome ‘Festa de Iemanjá’ em todas as futuras divulgações do festejo tradicional realizado no dia 2 de fevereiro.

Festa de Iemanjá em Salvador
A celebração, que teve início em 1923 começou como uma pequena oferta para a Rainha do Mar que contava apenas com 25 pescadores da região e era chamada de ‘Presente da Mãe d’Água’. A ideia da festa era uma forma de pedir ao orixá das águas salgadas que conseguisse resolver a escassez de peixes, e em caso de fartura, agradecer pela oferta. Vinte e sete anos depois, a oferta cresceu e Iemanjá passou a ter seu nome associado a ação dos pescadores.

O dia de Iemanjá é a principal festa de origem das matrizes africanas que não teve interferência do sincretismo religioso.

Na capital baiana, as celebrações em homenagem a Iemanjá começam no dia 1 de fevereiro, com  a abertura do caramanchão para a entrega dos presentes. Além da festa pública, o Rio Vermelho se tornou palco de diversos eventos privados que movimentam o bairro durante o período da comemoração.

Em 2020 a festa foi reconhecida como Patrimônio Cultural de Salvador pela Fundação Gregório de Mattos (FGM).

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