Publicado em 25/11/2025 às 16h57.

VÍDEO: Escritora baiana denuncia racismo em cafeteria de Salvador

Estabelecimento pede desculpas e adota medidas após repercussão

Edgar Luz
Foto: Reprodução/Redes Sociais @eusoualinelisboa

 

A escritora e especialista em letramento racial Aline Lisbôa relatou ter sido vítima de racismo no último domingo (23) enquanto estava na Padoca do Carmo, uma das cafeterias mais tradicionais de Salvador. O episódio foi narrado por ela em uma publicação nas redes sociais, onde detalhou a situação que classificou como constrangedora e discriminatória.

Segundo Aline, após consumir no local, ela e familiares se sentaram em outra mesa no piso superior da cafeteria antes de ir embora. Foi então que, de acordo com o relato, um atendente se aproximou pedindo para elas se retirarem.

“Nós consumimos, tomamos café e no momento de ir a gente sentou em uma outra mesa, no compartimento de cima. Após alguns minutos, o atendente veio até nós e disse que se não fôssemos consumir mais, era para irmos embora, que ele precisava de mesas livres”, disse.

A escritora contou que questionou se havia fila de espera e observou que havia diversas mesas disponíveis, mas, mesmo assim, teriam sido “colocados para fora”.

Ao deixar o estabelecimento, Aline afirmou ter vivido uma segunda situação constrangedora, com uma mulher que se apresentou como amiga da dona da cafeteria.

“Quando a gente se retirou, veio uma senhora de fora, intitulando-se como amiga da dona, sondando o que havia acontecido, pois ela conhecia os donos. […] Ela disse que nós éramos exagerados e que Salvador tinha pessoas mal-educadas em todos os cantos”, contou.

Para Aline, os episódios revelam práticas discriminatórias revestidas de formalidade. “Isso é traço do costume colonial. O atendente falou baixo, cumpriu todos os costumes do ‘ser educado’, mas foi extremamente racista, assim como essa senhora que, em tom de voz adequado, foi xenofóbica. Ainda fico chocada e frustrada”, declarou.

 

Padoca se manifesta e demite funcionário

Após a repercussão, a Padoca do Carmo divulgou uma nota pública lamentando o ocorrido. No texto, o estabelecimento pediu desculpas a Aline e informou que demitiu o funcionário envolvido na abordagem considerada inadequada.

A empresa também afirmou que se reunirá com a escritora, que é psicopedagoga especializada em letramento racial, para contratar um treinamento voltado à equipe, incluindo funcionários temporários e colaboradores que não atuam diretamente no atendimento ao público.

A nota reforça que o episódio não condiz com os valores da casa e que, embora reconheça a existência do racismo estrutural no país, o estabelecimento “não compactua com práticas racistas, misóginas, homofóbicas, xenofóbicas ou discriminatórias de nenhuma natureza”.

A cafeteria se comprometeu ainda a adotar medidas para evitar novas situações como esta e garantir um ambiente seguro para todos os clientes.

 

Edgar Luz
Jornalista, apaixonado por comunicação e cultura, pós-graduando em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Atualmente integra as redações do Bahia.ba e do BNews, escrevendo principalmente sobre entretenimento, mas transitando também por outras editorias. Com passagens pelos portais Salvador Entretenimento e Voz da Cidade, tem experiência em reportagem, assessoria e Social Media.

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