A criança e a tecnologia – vantagens e riscos
Confira: sete dicas de como ser pais e participar da criação de seu filho em tempos de Google, Youtube e redes sociais por toda a parte

A tecnologia não para. Somos bombardeados todo o tempo por uma imensa quantidade de produtos tecnológicos, um mais lindo e funcional que outro. A indústria tecnológica é, hoje, o maior exemplo da essência do capitalismo: você compra um produto e, ao ligá-lo, já recebe uma lista de outros produtos que você não pode viver sem!
Claro que, assim como os adultos, as crianças também são atingidas por esse consumismo voraz da tecnologia e por tudo que ela representa. A tecnologia e a globalização nos ajudaram a garantir acesso à informação e a uma série de recursos que facilitam nosso dia a dia.
Algumas pessoas dizem que as crianças de hoje já nascem sabendo mexer em produtos tecnológicos. Vou explicar algo: as crianças descobrem facilmente o funcionamento porque mexem sem medo, enquanto o adulto fica supercauteloso para não quebrar e não fazer nada de errado no aparelho. Como o cérebro da criança está como uma esponjinha, cheio de espaço, ela memoriza fácil e rápido.
Tão logo o pequeno começa a interagir com o ipad (tablet, smartphone…) ficamos admirados. Envaidecidos com a desenvoltura, mas preocupados também. E agora, o que fazer diante da criança e a tecnologia? O momento em que a criança descobre que pode apertar no desenho do microfone e falar com o Google para obter as respostas que deseja é o começo de uma nova relação com os pais.
Há pouco tempo, a palavra dos pais valia mais que tudo para uma criança. Amigos podiam até questionar o que o outro falava, mas se um deles dizia que foi dito pelos pais isso ganhava outro sentido, outro valor. Os pais eram quem sabiam das coisas e eram com quem você podia tirar suas dúvidas. Havia um suposto saber do lado dos pais.
Hoje, antes de perguntar qualquer coisa ao pai, a criança pergunta ao Google e, simultaneamente, ao Youtube. Temos uma geração de filhos do Google! Isso me espanta e me faz repensar uma série de situações sobre as quais todos temos que refletir. Agora, o suposto saber está com o Google? É o Google que vai dizer o que é certo e errado para as nossas crianças? É o Google que dará o limite que a criança precisa? Como os pais estão lidando com isso? Você já havia pensado nisso?

Confira agora sete dicas sobre o uso da tecnologia pelas crianças:
1. Tirar a tecnologia? – Não! Vivemos em um mundo de tecnologia e ela precisa, sim, ter contato com os recursos disponíveis. Ela vai precisar, muito mais que nós, saber usar todos os aparelhos com facilidade quando estiver adulta. O uso da tecnologia pode estimular a criança em vários aspectos. Pode ajudar no controle psicomotor, na atenção, na rapidez de raciocínio, memória e uma série de processos cognitivos a depender do uso que a criança faça. Existem vários jogos educativos bem interessantes.
2. Incentivar ou não? – Sim! Você deve mostrar e incentivar que seu filho faça um bom uso das tecnologias existentes. O Google e o Youtube, assim como uma série de jogos podem ajudar no desenvolvimento cognitivo e psicomotor da criança. Use junto com seu filho e mostre jogos divertidos que possam aguçar a imaginação e estimular diversos sentidos.
3. Meu filho terá o Google como pai? – Depende de você (mas espero que não). Você deve estar sempre atento ao que seu filho ouve, lê e vê na internet. Só deixe a criança usar quando houver um adulto próximo que possa estar de olho no que ele está fazendo. Infelizmente, o Google ainda não tem um controle parental no qual possamos limitar o conteúdo de acesso. E sempre que a criança tiver dúvidas, quiser entender algo, sente para conversar com ela e lhe explicar. Com a correria do dia a dia e o cansaço, os pais têm delegado a terceiros a função de educar seus filhos. Têm deixado que babá, escola e internet façam esse papel, que é dos pais e essencial à criança. Esteja presente na vida do seu filho. Se você só pode ficar com ele 1h por dia, faça dessa 1h a mais proveitosa para entendê-lo e ajudá-lo a crescer.
4. Deixo meu filho usar o iPad sempre que quiser? – Não! Limite é essencial à vida da criança. Limite o tempo e o que o seu filho pode usar no iPad, tablet ou smartphone. Existem alguns aplicativos que dizem reproduzir do Youtube somente conteúdo próprio para crianças. Você pode fazer uma pesquisa e testar alguns. Assim como também existe o KidRex, que é o Google para crianças, mas o manuseio não é tão fácil para eles quanto o pesquisador do Google principal, que basta falar para ser respondido. Negocie com seu filho o tempo e o momento certo para o uso.
5. Deixo ficar no Youtube quando ele não quer ir brincar com os amigos? – Não! Para o desenvolvimento psíquico, emocional e motor é preciso o contato com outras pessoas. O brincar com outras crianças incentiva a imaginação, constrói relações, faz e soluciona problemas de inúmeras espécies, dá margem ao corpo que cai, que levanta, que bate um no outro…. Brincar deve ser algo diário para a criança, seja com outras crianças, ou com adultos, esta é uma rotina que não pode ser deixada de lado por outra coisa. Ah! E nada de ir brincar com os amigos e levar o tablet hein!
6. Quando vou para um restaurante ou uma consulta coloco ele para ficar jogando no meu celular, tem problema? – Depende! Acho que o primeiro ponto é o porquê de você colocá-lo jogando no celular. No restaurante com você, ele pode conversar, brincar, vai comer (e nada de comer com celular na mão, pois criança precisa de foco no que está fazendo). Na consulta, boa parte dos consultórios dispõe de alguns brinquedos infantis. Então, a questão é pensar se realmente é necessário o uso. Se, mesmo assim, achar que deve, não há problema em a criança usar, há problema se a criança ficar horas do dia fazendo isso. Os afazeres da criança devem ser diversificados.
7. Quando estou cansada dou o iPad (não é sempre). Isso é ruim? – Alerta! Cuidado com o uso que você (e não seu filho) faz da tecnologia. Porque se você está cansada e coloca a criança para ficar quieta no iPad, você não prestará atenção no que ele está fazendo e não ligará para o tempo em que ele irá permanecer com o aparelho. Inclusive, se seu filho fica com babá essa é uma conversa importante que você tem que ter com ela.
Sou psicóloga, mas sou mãe também. Sei que tem horas em que tudo o que queríamos era que o filho ficasse quieto um tempinho para terminarmos aquele trabalho, para fazer aquele suco, ou mesmo para ter aqueles minutinhos de silêncio para não pensar em nada. Mas, definitivamente, quando temos um filho, temos ao nosso lado um ser em desenvolvimento que tem seus desejos e que precisa de orientação para crescer de forma digna. Então, mãos à obra! Organize seu dia para que possa fazer só o que você precisa e estar com seu filhote quando ele precisa.
Priscila Almeida é psicóloga clínica especialista em saúde mental, psicanálise e em trânsito. Escritora e editora do Blog Papos de Psico.
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