Publicado em 09/12/2019 às 16h17.

Câncer de mama: estudo reacende discussão sobre idade para mamografia

Diagnóstico da doença em mulheres com menos de 40 anos é raro (10% de todos os casos), mas quando ocorre nessa faixa etária, tende a ser mais agressiva

Redação

Pesquisa feita com 2.950 mulheres, de 22 centros de saúde em nove estados brasileiros, que descobriram o tumor entre janeiro de 2016 e março de 2018 teve um resultado que alarmou médicos e pacientes em todo o país. Os resultados mostram que 43% delas tinham idade inferior a 50 anos no momento do diagnóstico. Das que tinham menos de 40 anos, 36,9% já estavam no estágio 3 da doença, considerado localmente avançado.

O diagnóstico de câncer de mama em mulheres com menos de 40 anos é raro, representa em torno de 10% de todos os casos registrados. Mas, quando ocorre nessa faixa etária, a doença tende a ser mais agressiva. Nesse cenário, um novo estudo reacende o debate sobre a partir de qual idade elas devem começar a fazer a mamografia periodicamente. A pesquisa foi conduzida pelo Grupo Latino-Americano de Oncologia Cooperativa (Lacog, na sigla em inglês), organização não governamental que reúne 147 pesquisadores de 70 instituições, juntamente com o Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama.

Câncer de mama precoce

Patrícia Silva foi diagnosticada aos 26 anos com câncer de mama: “Foi um baque. Quando a médica disse que eu tinha câncer num estágio já avançado, eu tomei um choque”, lembra ela. Priscila estava se preparando para implantar próteses marias, quando descobriu o câncer nos exames preliminares.

Segundo Daniela Almeida, médica mastologista, cerca de um terço dos casos de câncer de mama afeta mulheres antes dos 50 anos, mas casos abaixo dos 30 anos ainda são considerados raros. “Essa população precisa de rastreamento. Estamos correndo o risco de comprometer a saúde dessas pacientes”, afirma ela, que atende nas clínicas CAM.

A médica ressalta ainda a importância dos exames para um diagnóstico precoce. “Se na consulta o médico perceber se tratar de caso familiar, que tem mutação genética, deve-se começar o rastreamento a partir de 25 anos com mamografia e ressonância magnética”.

Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), ligado ao Ministério da Saúde, demonstram que o estudo tem uma amostra pequena, que representa menos de 2% dos casos de câncer de mama no país, estimados em 60 mil por ano. Os relatórios do INCA indicam leve tendência de queda na incidência da doença em mulheres de 40 a 49 anos, de 2000 a 2010 e uma estabilidade, na faixa etária de 20 a 39 anos.

Rastreamento do câncer

Além de recomendar o exame para mulheres entre 50 e 69 anos, o Ministério da Saúde orienta que ele seja feito a cada dois anos. Outro dado do estudo que chamou a atenção dos pesquisadores é que, do total de mulheres, 34% descobriram o câncer ao fazer o autoexame ou realizando exames de rotina. “O problema é que, muitas vezes, quando o tumor é palpável, já está em níveis avançados. Além disso, boa parte das mulheres ainda não tem o devido acesso aos exames de rotina adequados para o rastreamento do câncer de mama”, concluiu Daniela Almeida.

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