Priscila Almeida é psicóloga clínica especialista em saúde mental, psicanálise e em trânsito. Escritora e editora do Blog Papos de Psico.
E agora?… Não acredito, estou desempregado!
Diante do desemprego, muitas pessoas ficam paralisadas ou tendem a negar a situação. É a pior das atitudes. O importante é entender o que aconteceu e aceitar a realidade momentânea

O Brasil vive uma crise econômica e política e, com isso, o desemprego tem alcançado patamares elevadíssimos. Todos os dias, vemos na televisão, ouvimos no rádio e lemos em veículos de notícias sobre esse assunto. Desemprego, inflação e corrupção têm sido palavras companheiras do nosso dia a dia, infelizmente.
E, se você não é um desses brasileiros que viraram estatística, com certeza tem receio de que algo ocorra ao seu emprego ou à sua empresa.
O trabalho faz parte da nossa cultura como algo essencial à vida. Quem nunca ouviu a frase: “O trabalho dignifica o homem”? A frase de Benjamin Franklin ficou conhecida e é muito utilizada no cotidiano, porque o trabalho, além de nos prover o sustento financeiro, nos proporciona a realização pessoal.
Ao viver numa sociedade capitalista, onde somos direcionados ao consumismo diário, pouco nos sobra para refletir sobre o real sentido da vida. Tamponamos qualquer angústia com uma boa comida (não é à toa que cresce a obesidade) e com compras de todo tipo. Poucas são as pessoas que têm apenas um emprego e raras são aquelas que não vivem correndo desesperadas como se 24 horas não fossem o suficiente para completar seus afazeres do dia.
E quando o desemprego acontece?…
Se foi por escolha, a pessoa já tem em mente alguns artifícios de organização da sua vida. Mas se é surpresa, o quadro fica sério. O vazio e o sentimento de fracasso são os primeiros sentimentos que aparecem. Logo chega uma turma: angústia, isolamento, tristeza, baixa autoestima, pois se perde a identidade profissional, a rotina diária, a rede de apoio social e o lugar na sociedade como aquele que gera dividendos.
Ficar paralisado diante da situação e negá-la é o que muitas pessoas fazem. E é o que acaba gerando uma crise emocional. Isso, ao invés de ajudar a sair do problema, o coloca no foco. O importante é entender o que aconteceu e aceitar a realidade momentânea.
Aproveite esse período para pensar nos rumos da sua vida, olhar através dos horizontes. Refletir se seguirá no caminho que estava ou se fará alguma transformação. É um bom momento de recordar a sua vida, lembre-se de como você imaginava, como lidou diante das dificuldades que encontrou e faça um paralelo de como está hoje, o que você vê de diferente e de igual e o que você quer continuar e o que quer mudar.
Se temos que passar por um rio, do que vai adiantar ir contra a correnteza?
Muitas vezes, a questão maior no caminho não é que você deve mudar a direção, mas como você o anda trilhando. Podemos andar na mesma direção e, com flexibilidade, ir calçando e descalçando os pés diante de cada necessidade do caminho, ir observando qual ponto mais bonito da estrada. Se temos que passar por um rio do que vai adiantar ir contra a correnteza?
Com essas reflexões, você pensará em você e passará a se cuidar mais. Você deve criar uma nova rotina, nada de ficar sentado na frente do sofá, dormindo e comendo! Uma semaninha de luto e preguicinha está bom. Depois faça as reflexões que pontuei mais acima no texto e decida, se movimente.
Coloque currículos e faça contatos. Isolar-se é o pior que você pode fazer. Mostre seus conhecimentos para as pessoas, emane boas energias para o mundo que elas chegarão de volta para você. Eu acredito no poder da palavra, depois podemos até voltar a este tema, mas é importante focar em pensamentos positivos e encher sua boca com as melhores palavras que gostaria de ouvir e sentir.
Faça exercícios físicos em casa mesmo ou uma caminhada no bairro. Existem diversas aulas pela internet. Aprenda técnicas de relaxamento, meditação, elas irão lhe ajudar com a ansiedade. E se você, mesmo assim, estiver com muita angústia, sem conseguir olhar para as possibilidades que estão à sua volta é hora de procurar ajuda profissional. Procure um psicólogo que possa lhe atender. Não demore para começar o tratamento para que algo simples não se transforme em algo mais difícil e prejudicial à sua vida.
Estar desempregado não é fácil para ninguém. É uma situação complicada, mas que se resolverá se você se mantiver disposto a isso. Coloque-se em movimento para o novo trabalho e para a vida e você verá com outros olhos este momento. Talvez essa tenha sido uma contingência desagradável, mas que possibilitará fazer transformações positivas na sua vida e na de quem lhe cerca.
Priscila Almeida é psicóloga clínica especialista em saúde mental, psicanálise e em trânsito. Escritora e editora do Blog Papos de Psico.
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