Infertilidade masculina pode ser protagonista no drama dos casais sem filhos
Junho chama atenção para a necessidade de incluir o homem nas investigações e tratamentos de fertilidade

Responsável por até 50% dos casos de infertilidade conjugal, o fator masculino ainda é pouco discutido nos consultórios e fora deles. A constatação vem à tona justamente em junho, mês voltado à conscientização sobre o tema. Embora a maior parte das investigações recaia sobre a mulher, os números mostram que essa abordagem parcial compromete diagnósticos, atrasa tratamentos e afasta os homens de um protagonismo que é, cada vez mais, necessário.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada seis pessoas no mundo terá algum problema de fertilidade ao longo da vida. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 40% a 50% das causas de infertilidade em casais são atribuídas ao homem — o que reforça a importância de sua participação ativa desde os primeiros exames.
A avaliação da fertilidade masculina começa, na maioria das vezes, com exames simples, mas fundamentais, como o espermograma, os exames hormonais e o ultrassom da bolsa escrotal. Em alguns casos, exames complementares mais específicos são necessários para investigar mais a fundo. “Cada um deles ajuda a traçar um diagnóstico preciso e orientar o melhor tratamento. O que falta ainda é naturalizar a ida do homem ao consultório”, afirma o urologista Felipe Pinho, especialista em infertilidade masculina e diretor de pesquisa do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR).
O médico alerta que boa parte dos casos pode ser tratada com medicações, mudanças no estilo de vida ou cirurgia. “A varicocele, por exemplo, tem correção cirúrgica com alta taxa de sucesso. O problema é que muitos casais chegam tarde, após tentativas frustradas, e sem sequer ter investigado o parceiro”, reforça.
Foi o que aconteceu com a farmacêutica Rafaela Fernandes, 34 anos, que começou a tentar engravidar com o marido em 2021. “Achei que seria rápido. Passei mais de um ano esperando acontecer naturalmente, até que procuramos ajuda. Meus exames estavam quase todos normais, mas o espermograma dele veio com muitas alterações”, conta.
O diagnóstico de varicocele bilateral foi feito por Felipe Pinho em uma das primeiras consultas. A cirurgia especializada com o uso do microscópio digital foi marcada para outubro de 2024 e, para surpresa do casal, o resultado foi imediato. “No mês seguinte à cirurgia, engravidei. Não fizemos fertilização. Foi natural. Ainda não acredito”, diz Rafaela que entra no nono mês de gestação no final de junho.
O caso reforça a importância do diagnóstico precoce e da abordagem integral do casal. “Infertilidade é um desafio a dois. Quando o homem participa, o tratamento é mais ágil e as chances de sucesso aumentam. Não dá mais para tratar a fertilidade como uma responsabilidade exclusiva da mulher”, afirma Felipe.
Além da varicocele, ele explica que hábitos como tabagismo, alcoolismo, sedentarismo e exposição a substâncias tóxicas também podem impactar a produção e a qualidade dos espermatozoides. Daí a importância de um acompanhamento clínico, mesmo antes de se tentar engravidar.
Com o avanço das técnicas de reprodução assistida, muitos homens que enfrentam infertilidade severa também podem realizar o sonho da paternidade. Mas a ciência, como destaca o especialista, funciona melhor quando há parceria. “Nem sempre é preciso recorrer à fertilização in vitro. Às vezes, basta investigar corretamente”.
Do outro lado da história, Rafaela e o marido agora aguardam a chegada da filha com a certeza de que procuraram o caminho certo. “Infertilidade não é fim de linha. Com acolhimento e informação, pode ser só uma curva no caminho”.
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