OMS aprova ação que eleva saúde indígena ao nível de prioridade global
ONU diz que população indígena é de 476 milhões em 90 países


A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou por unanimidade, nesta segunda-feira (29), em Genebra, na Suíça, resolução apresentada pelo Brasil visando garantir acesso igualitário e integral à saúde para a população indígena em todo o mundo. A partir da aprovação – durante a 76ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS) – a OMS criará um plano global de saúde indígena, tornando a questão prioritária na pauta do organismo internacional, conforme proposto pelo Brasil. A estratégia mundial permitirá, ainda, a troca de experiências sobre o tema entre as nações signatárias.
Weibe Tapeba, secretário de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, comemorou a aprovação unânime, via rede social. “Vitória indígena. Um momento histórico de avanço, de um novo tempo de inclusão dos povos indígenas e seus direitos a nível mundial”, disse ele. Weibe ainda pediu aos demais países para copatrocinem o documento.
A resolução pioneira votada nesta segunda-feira foi apresentada pelo Brasil ainda no sábado (27), em Genebra. O texto contou com apoio de outros 13 países (Austrália, Bolívia, Canadá, Colômbia, Cuba, Equador, Guatemala, México, Nova Zelândia, Panamá, Paraguai, Peru e Estados Unidos), além da União Europeia.
Diplomacia
As adesões à resolução ocorreram a partir de negociações da diplomacia brasileira com outras delegações, desde a semana passada, como destacado pela ministra da Saúde Nísia Trindade, na última quarta-feira (24). “Foi um trabalho realizado em conjunto para chegarmos até a possibilidade de uma votação” [ocorrida nesta segunda-feira].
Em seu discurso de apresentação da resolução, no sábado (27), o secretário de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, marcou o posicionamento do Brasil, desde o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Liderar a proposição de um projeto de resolução que trate do tema saúde dos povos indígenas representa simbolicamente o esforço que o nosso país tem feito para assegurar a universalização da saúde em todo o país, evidentemente assegurando a cobertura assistencial também nos territórios em que vivem os povos indígenas”, afirmou Weibe.
É a primeira vez que a OMS adota uma resolução específica sobre a saúde dos povos indígenas. O secretário de Saúde Indígena (Sesai) destacou a importância da decisão. “É simbólico para a OMS, em seus 75 anos de história, aprovar uma resolução que determina a elaboração de um Plano Global da OMS, encoraja os demais países a desenvolverem planos nacionais e a buscarem estratégias que possam assegurar o acesso à saúde dos povos indígenas, respeitando o direito à consulta e fortalecendo a participação social na construção de ações, programas e políticas voltadas a essas populações”, explicou.
A 76ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS) ocorrerá até terça-feira (30), em Genebra e, neste ano, tem o tema “OMS aos 75 [anos]: salvando vidas, levando saúde para todos”.
Respeito
Pelo acordo, os países são convocados a montar planos regionais para avançar em sistemas de saúde que promovam ações específicas para populações indígenas locais. A adesão é voluntária.
A ministra Nísia Trindade explicou que, embora a resolução comece a valer logo que aprovada, é necessário um tempo de adaptação para o desenvolvimento das diretrizes do plano global, além dos planos regionais dos países signatários.
“Entre os exemplos de mudança de abordagem necessária, está a assimilação de costumes das populações indígenas para a oferta de um tratamento mais adequado”, frisou o Ministério da Saúde.
No sábado, o secretário Weibe Tapeba discursou ainda sobre a necessidade de respeitar e valorizar as práticas tradicionais e culturais dos povos indígenas. “O acesso à saúde dos povos indígenas significa também assegurar formas de valorização dos saberes ancestrais e da medicina nativa ou tradicional desses povos indígenas, o que passa desde as formas de cuidado e de cura, uso de plantas, raízes e ervas medicinais, até mesmo na realização de rituais e a valorização da espiritualidade indígena”.
Saúde indígena
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), há mais de 476 milhões de indígenas espalhados em cerca de 90 países em todo o mundo, representando pouco mais de 6% da população global.
Porém, a ONU destaca que 19% dessas pessoas são extremamente pobres. Além disso, as populações indígenas também têm uma expectativa de vida até 20 anos menor que os não indígenas em todo o mundo.
O Ministério da Saúde aponta que o Brasil registra 305 povos indígenas espalhados em todo o território nacional. A população desses povos é estimada em cerca de 1,5 milhão de pessoas.
No aspecto da saúde, o governo federal tem a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, com ações específicas para este público geridas pelo Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), no Sistema Único de Saúde (SUS).
O Ministério da Saúde enfatiza que a gestão Lula tem priorizado a contratação de profissionais indígenas, como Agentes Indígenas de Saúde e Agentes Indígenas de Saneamento para atuar na prevenção de doenças, orientações sobre as ações de saúde e sobre o cuidado com o ambiente.
Weibe comentou os desafios que o Brasil tem para garantir a universalização do acesso à saúde nos territórios indígenas. “Há ainda muitos vazios assistenciais. Sobretudo, porque os povos indígenas em diversas regiões ocupam locais de difícil acesso ou isolados. Levar saúde para esses povos nesses locais envolve estratégias de logística, infraestrutura e modelos de provimento de profissionais que busquem a fixação de profissionais para atuar nessas condições”, finalizou.
Mais notícias
-
Saúde e Bem Estar
13h55 de 26 de setembro de 2023
O uso de terapia hormonal pode reduzir os sintomas de ansiedade em mulheres na menopausa
Especialista explica que a redução na produção hormonal durante a menopausa influencia no surgimento de transtornos psicológicos
-
Saúde e Bem Estar
09h07 de 26 de setembro de 2023
Anvisa torna permanente entrega de remédio controlado em casa
Media havia sido adotada durante a pandemia; veja novas regras
-
Saúde e Bem Estar
16h58 de 25 de setembro de 2023
Medicamentos têm crescimento de 7% em agosto, aponta pesquisa
Pesquisa da Precifica foi baseada em monitoramento do e-commerce
-
Saúde e Bem Estar
16h30 de 24 de setembro de 2023
Desinformação sobre vacinas se comporta como epidemia
Especialistas avaliam os impactos de fake news na vacinação e médicos
-
Saúde e Bem Estar
21h00 de 23 de setembro de 2023
Pesquisa reforça segurança de vacinas da Covid-19 para gestantes e bebês
O trabalho é mais uma evidência da segurança do uso das vacinas contra a covid nessa população
-
Saúde e Bem Estar
15h30 de 23 de setembro de 2023
Alzheimer: 2,4 milhões devem ser acometidas e falta de diagnóstico preocupa
A doença é conhecida pela perda progressiva de memória, entre outras consequências
-
Saúde e Bem Estar
19h20 de 22 de setembro de 2023
Palestra gratuita destaca necessidade do intérprete de Libras nas escolas
Em alusão ao Dia Nacional dos Surdos, o Grupo Mães de Surdos Unidas realiza o evento na próxima terça-feira (26)
-
Saúde e Bem Estar
16h44 de 21 de setembro de 2023
SUS destina incremento financeiro para a realização de transplantes de órgãos em até 80%
A medida tem o objetivo de ampliar a capacidade dos centros transplantadores do SUS
-
Saúde e Bem Estar
11h47 de 19 de setembro de 2023
Hospital Santa Izabel adota procedimento inovador para intervenção na próstata
A cirurgia de próstata com laser é um tratamento minimamente invasivo para próstata aumentada
-
Saúde e Bem Estar
13h48 de 18 de setembro de 2023
Exercícios físicos ajudam a afastar os riscos de AVC, infarto e trombose, dizem especialistas
Incluir na rotina o hábito de mexer o corpo, pode proporcionar benefícios para a qualidade de vida e saúde vascular