Publicado em 17/01/2016 às 09h00.

Por que a Geração Y é tão ansiosa e infeliz?

A felicidade tem muito a ver com uma equação simples, composta por duas palavras que caminham lado a lado em nossa vida: 'realidade' menos 'expectativas'

Adriana Prado
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Imagem ilustrativa (Fonte: Blog do Gutemberg)

 

 

Os jovens da Geração Y têm hoje entre 20 e 35 anos.

Seus avós nasceram entre duas guerras mundiais e cresceram durante a grande depressão. Foram educados para a disciplina rígida, para valorizar o trabalho, obedecer hierarquias e não comprar nada que não pudessem pagar à vista. Obcecados com a segurança econômica, criaram seus filhos para construir carreiras seguras.

Seus pais nasceram nas décadas de 1950 a 1970 e foram responsáveis por grandes e importantes transformações sociais e políticas. Foram ensinados por seus antecessores que não havia nada capaz de lhes impedir de terem carreiras prósperas e estáveis, mas teriam que trabalhar duro por muitos anos, para que isso acontecesse.

Workaholics e sedentos por ascensão profissional, os pais da Geração Y foram fiéis às organizações e crentes no poder de mudar o mundo. À medida que os anos 1970, 1980 e 1990 foram passando, o mundo entrou em uma época de prosperidade econômica sem precedentes, e eles foram muito mais longe do que imaginavam, o que os fez ainda mais otimistas.

Para compensar sua ausência em casa e com uma experiência de vida mais suave e positiva que a de seus antecessores, os pais da geração Y criaram filhos superprotegidos, acreditando que podiam ter e ser tudo aquilo que quisessem. Formou-se então uma geração de protagonistas, de jovens que pensam ser “o personagem principal de uma história muito especial”.

Enquanto seus pais queriam viver o sonho americano da riqueza e da prosperidade e valorizavam uma carreira segura e bem-sucedida, os “yuppies”, como são conhecidos os pertencentes à “Geração Y”, querem viver seu próprio sonho pessoal, seu propósito de vida.

São jovens extremamente ambiciosos, que querem prosperidade econômica, mas que precisam muito mais do que uma simples carreira agradável e segura como a de seus pais. Eles buscam carreiras que façam sentido, que sejam únicas, incríveis e originais. Acreditam serem excepcionalmente maravilhosos e, como tal, suas carreiras e trajetórias de vida vão se destacar na multidão.

Protegidos e com mais recursos e oportunidades que seus pais, os jovens yuppies se sentem na obrigação de ter todos os aspectos da vida solucionados antes dos 30 anos, e ainda de seguirem seus sonhos e de serem felizes.

 

A Geração Y tem  uma visão inflada de si mesmo

 

Dessa forma, esses jovens tem muita dificuldade em aceitar que o mundo não seja um lugar assim tão fácil, que carreiras realmente são coisas muito difíceis, que levam muito tempo de sangue, suor e lágrimas para serem construídas e que é muito raro fazer alguma coisa muito grandiosa com 20 e poucos anos de idade.

Resumindo, a Geração Y tem expectativas irreais, uma forte resistência para aceitar feedback negativo e uma visão inflada de si mesmo. Esses jovens se sentem muitas vezes com direito a um nível de recompensas, que não está em conformidade com seus níveis de habilidade e esforço real.

E ai está a resposta para toda essa ansiedade e infelicidade que anda passeando por ai…

Porque a felicidade tem muito a ver com uma equação simples, composta por duas palavras que caminham lado a lado em nossa vida: “realidade menos expectativas”. Positivo o resultado, aponta para um estado de realização e felicidade; sendo negativo, denuncia frustração e infelicidade.

Para piorar ainda mais esse cenário, tem um problema adicional que hostiliza e agrava a ansiedade doentia de toda essa geração: o fenômeno moderno da superexposição da imagem narcisista.

Estão cada vez mais expostas e de maneira cada vez mais exageradas, as belezas, as comemorações, as alegrias e as vitórias, e cada vez mais abafados os momentos difíceis, os verdadeiros sentimentos, as dificuldades, frustrações e fracassos inevitáveis da vida.

Isso deixa todos, mas principalmente os da Geração Y, se sentindo incorretos, derrotados, miseráveis e incapazes. A questão passa a ser: como podem todas as pessoas estar indo assim tao bem e eu, que acredito ser tão único e especial, estar assim tão infeliz?

O conselho para essa turma é:

Pare de pensar que você é demasiadamente especial ou de achar que “a grama do vizinho é mais verde que a sua”. Você é somente mais um jovem inexperiente, tão indeciso, inseguro e frustrado como qualquer outro no mundo, que ainda não tem muito a oferecer, mas que tem tudo para encontrar o seu lugar ao sol para brilhar, se trabalhar duro por um certo tempo…

 

Adriana: 'A forma como se usa o dinheiro também contribui para o estado de felicidade'

Adriana Prado tem 25 anos de experiência em Recursos Humanos. Atualmente mora no México, é mestranda em Liderança Positiva e consultora da “The Edge Group”, empresa equatoriana pioneira em programas de crescimento pessoal e organizacional na América Latina, através da aplicação das descobertas da Psicologia Positiva, a Ciência da Felicidade.

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