Publicado em 13/06/2025 às 20h06.

Procedimento oferece nova alternativa no controle da hipertensão resistente

Denervação renal percutânea surge como opção terapêutica para casos que não respondem bem aos medicamentos

Redação
Foto: Assessoria

 

Um procedimento minimamente invasivo está se consolidando como uma alternativa no tratamento da hipertensão arterial grave, especialmente para pacientes que não conseguem controlar a pressão mesmo com o uso de múltiplos medicamentos. Trata-se da denervação renal percutânea, uma técnica que utiliza radiofrequência para atenuar a atividade de terminações nervosas envolvidas na regulação da pressão arterial. Estudos internacionais vêm reforçando os resultados positivos do procedimento em pacientes com hipertensão resistente, o que tem levado ao seu reconhecimento crescente na prática cardiológica.

A técnica, já aplicada em hospitais de ponta da rede privada em Salvador, é indicada para pacientes com hipertensão resistente — aqueles que utilizam pelo menos cinco classes diferentes de medicamentos em doses máximas, além de manter dieta e prática de exercícios, mas que, mesmo assim, não conseguem controlar a pressão.

“O procedimento é realizado por meio de cateteres inseridos nas artérias renais através da virilha. Utilizamos pulsos de radiofrequência para neutralizar parte da atuação dos gânglios simpáticos na parede da artéria, reduzindo o estímulo que contribui para a elevação da pressão”, explica o cardiologista intervencionista Sérgio Câmara, especialista em Hemodinâmica.

Na maioria dos casos, o paciente recebe alta entre 48 e 72 horas após o procedimento. Os efeitos começam a ser observados, gradualmente, a partir de algumas semanas, e estudos apontam benefícios que podem se prolongar por até um ano.

Segundo Câmara, embora não seja um método curativo nem substitua completamente o tratamento convencional, a denervação renal percutânea pode ajudar a reduzir a quantidade de medicamentos necessários e o risco de eventos cardiovasculares graves, como infarto, AVC e insuficiência renal. “Uma redução média de 10 mmHg na pressão sistólica já traz impacto significativo na redução da mortalidade e de complicações associadas”, afirma.

Antes de ter o procedimento indicado, é necessário descartar causas secundárias de hipertensão, como distúrbios da tireoide, das glândulas adrenais ou apneia do sono. O cateter utilizado, da linha Symplicity da empresa Medtronic, já está na sua segunda geração e incorpora avanços tecnológicos importantes. Seu formato espiral permite a emissão de pulsos de radiofrequência em quatro pontos simultaneamente, o que torna a aplicação mais eficiente e reduz o tempo do procedimento.

A técnica se apresenta como uma estratégia adicional no enfrentamento da hipertensão de difícil controle — condição que atinge uma parcela significativa da população e que representa um risco constante e silencioso para a saúde cardiovascular. “A pressão alta funciona como água mole em pedra dura: a agressão contínua aos vasos sanguíneos, ao longo do tempo, leva à formação de lesões irreversíveis”, alerta Câmara.

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