Trabalhar exposto ao sol aumenta em 60% risco de câncer de pele
Uso diário do protetor solar é uma das principais medidas para prevenção da doença considerada evitável, apesar de sua alta incidência
De acordo com relatório conjunto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), quase uma em cada três mortes por câncer de pele não melanoma é causada pelo trabalho realizado sob o sol. A exposição ocupacional à radiação ultravioleta, segundo estimativa da OMS, aumenta em 60% o risco de desenvolver o tumor maligno de maior incidência no Brasil e no mundo. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê mais de 220 mil novos casos da doença no país em 2024. Na Bahia, a previsão é de 10.530 diagnósticos neste ano.
“O efeito cumulativo da exposição prolongada ao sol ao longo de anos ou décadas é o principal fator de risco para o câncer de pele. Todos devem usar protetor solar, seja quem trabalha nas praias, na limpeza urbana, em canteiros de obra, vendedores ambulantes ou trabalhador rural. O mesmo vale para quem vai aproveitar as praias ou praticar atividades de lazer ao ar livre”, recomenda André Bacellar, oncologista da Oncoclínicas na Bahia.
Com a perspectiva de que o verão de 2025 seja de calor extremo com novos recordes de altas temperaturas, os cuidados com a proteção solar são essenciais para prevenção do câncer de pele e do envelhecimento cutâneo precoce. “Embora a incidência mais alta da radiação UV aconteça nas estações mais quentes, o uso de protetor solar deve ser um hábito diário na rotina de todas as pessoas durante o ano todo, mesmo nos dias nublados”, orienta André Bacellar. O médico esclarece que 90% da radiação UV atravessa as nuvens, então a fotoproteção deve ser feita não apenas nos dias ensolarados. Evitar a exposição ao sol das 10 às 16 horas, quando a incidência dos raios ultravioletas é mais intensa; usar filtro solar com FPS 30, no mínimo; e usar chapéus, bonés, roupas com proteção UV e óculos escuros são algumas das medidas de fotoproteção que reduzem o dano solar.
Câncer de pele
Doença causada pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Elas se dispõem formando camadas e, de acordo com as que forem afetadas, é definido o tipo de câncer, que pode ser melanoma ou não melanoma (carcinomas basocelular e espinocelular).
Mais comum em pessoas com mais de 40 anos e raro em crianças e pessoas negras, o câncer de pele acomete, principalmente, adultos com pele muito clara, olhos claros e com doenças cutâneas prévias. No entanto, qualquer um pode desenvolver a doença. “Embora indivíduos que têm pele negra possuam a melanina como um filtro solar natural, eles são mais suscetíveis a desenvolverem um subtipo de câncer de pele bastante agressivo, o melanoma acral, que acomete partes do corpo como a palma das mãos, a sola dos pés e unhas”, esclarece André Bacellar. “Manchas escuras nessas áreas devem ser investigadas o quanto antes”, alerta o oncologista.
Apesar de ser o tipo de neoplasia de mais incidência no Brasil e no mundo, o câncer de pele pode ser considerado um tumor evitável. Mesmo sua forma mais agressiva, o melanoma, tem mais de 90% de chance de cura quando diagnosticado precocemente. Isso reforça a importância da conscientização da população sobre a necessidade de adoção de medidas preventivas. “É importante estar atento a qualquer alteração na pele e fazer a consulta anual com o dermatologista”, lembra o especialista da Oncoclínicas na Bahia.
Atenção aos sinais
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, é importante estar atento a alguns sinais que podem indicar o desenvolvimento de um câncer de pele:
● Crescimento na pele de aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida;
● Sinais ou pintas que mudam de tamanho, cor, textura, forma ou tornam-se irregulares nas bordas.
● Mancha ou ferida que não cicatriza, que continua a crescer apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento.
Tratamentos
Na maioria dos casos de câncer de pele, a cirurgia para a remoção da lesão cancerígena é a abordagem mais indicada. No entanto, a depender do subtipo do tumor, do estadiamento (grau de disseminação) e do tamanho, pode ser necessário outro tipo de tratamento complementar, como quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou medicamentos orais.
Quando se trata de melanoma, por causa da sua alta capacidade de se disseminar para tecidos e órgãos vizinhos, o desenvolvimento de novos imunoterápicos (medicamentos que estimulam o sistema imunológico a lutar contra o tumor) tem garantido melhora na sobrevida de pacientes. “Tivemos muitos avanços importantes no tratamento do melanoma e o prognóstico da doença melhorou muito, inclusive para os quadros metastáticos, porém o maior aliado ainda é o diagnóstico precoce”, finaliza André Bacellar.
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